Beethoven será homenageado em 2007

d13.jpgEm 2007 completarão 180 anos da morte de Ludwig van Beethoven (1770-1827), dia 26 de março. A exemplo das comemorações que ocorreram em 2006, com os 250 anos de nascimento de Mozart, estão previstas para o próximo ano uma série de homenagens ao compositor. Gênio intempestivo, suscetível a surtos cáusticos, o maestro alemão pertenceu ao período de transição entre o classicismo e o período romântico, e sua obra é considerada o novo testamento da música erudita. Seu legado transita entre 32 sonatas para piano, nove sinfonias, dezesseis quartetos para cordas, cinco concertos para piano, entre outros.

Segundo o pianista Álvaro Siviero, parte da genialidade de Beethoven foi devido à sua obra ser aberta e honesta com ele próprio. ?Ele não criou suas obras pensando no gosto do público, e sim na complexidade da música??, diz. O compositor sabia de sua qualidade e não sentia necessidade de demonstrar modéstia alguma. Sua vida foi cheia de passagens bizarras e sua intolerância o afastava das pessoas. Certa vez ele escreveu que atingira tal grau de perfeição que se encontrava acima de qualquer crítica.

Como em 2006, quando esteve com Siviero e a Orquestra da PUCPR para executar Mozart, no próximo ano a cidade de Curitiba poderá receber em seus palcos uma das sumidades em se tratando de interpretação em Beethoven, Paul Gulda. O pianista austríaco, filho do fabuloso Frienrich Gulda, deve voltar à cidade. ?Ele me disse que gostou do que viu e deseja retornar??, diz Álvaro.

Já está em negociação um intercâmbio musical sobre Beethoven entre músicos curitibanos e a Orquestra de Câmara de Blumenau. Com sua participação no Máster Class em interpretação em Beethoven, realizado no mês de julho, na Wilhelm Kempff, em Positano, Itália, o pianista Álvaro Siviero se sente obrigado a realizar séries de concerto. A instituição é respeitada em todo o mundo. Em vida, Kempff teve muito prestigio e tocou nos principais centros culturais de Europa.

Filme sobre o compositor peca

O pianista austríaco Paul Gulda
deve voltar à cidade.

Ludwig van Beethoven deve estar se remexendo no além, após o lançamento de O segredo de Beethoven (Copying Beethoven), anteontem, nos cinemas. A produção húngaro-inglesa, dirigida por Agnieszka Holland, não dá a profundidade necessária para reconstituir o último ano de vida do compositor, tampouco, o ator Ed Harris interpreta um gênio intelectual da música. Apesar de alternar acessos de ira e estupidez com a emoção e amabilidade de Beethoven, o ator cai no clichê por falta de autenticidade.

Viena de 1824, capital mundial da música (na época), uma jovem e bela aspirante a compositora, Anna Holtz, interpretada pela superficial Diane Kruger, consegue o cargo de copista de Beethoven, às vésperas da estréia da Nona Sinfonia. Após ser aceita pelo maestro, a trama água com açúcar segue com os delírios do compositor se apaixonando pela jovem e seu drama pessoal com a surdez lhe roubando o prazer de escutar sua própria obra.

Os personagens periféricos são ainda mais desencorajadores. O roteiro não explora suas histórias, nem suas relações com Beethoven. O sobrinho Karl van Beethoven, açoitado pelo gênio desde a infância e ainda assim adorado por seu tio, poderia ser mais aproveitado, e não apenas aparecer em algumas cenas tirando dinheiro da carteira de Beethoven. Com cortes rápidos e simplório, o tom que Agnieszka Holland dá ao filme parecer mais novelístico que cinematográfico. O editor musical Wenzel Schlemmer só aparece no começo, com o mérito de demonstrar o nítido medo que tinha do maestro. ?Ele está possuído pelo demônio??, diz no filme.

O segredo do filme se faz valer e emociona quando Ludwig van Beethoven estréia a Nona Sinfonia, mesmo sem poder ouvir as palmas da platéia após sua execução. A orquestra toda está tensa. Apesar de surdo, Beethoven insiste em reger sua obra, para tanto, em cima da hora, sua assistente é chamada para maestrar ocultamente os movimentos do compositor. A câmera flagra a feição dos músicos e a emoção toma conta, com a Nona entoada, retumbante. A cena foi executada com beleza e comove. (DST)

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