Batman: a queda do morcego

QUADRINHOS

Todo mundo esperava um elefante, mas o que nasceu foi um ratinho. Quando Frank Miller concordou em retomar o herói de Gotham City, produzindo a seqüência de um dos mais bem sucedidos momentos da história dos gibis, a galera vibrou. Mesmo os mais jovens estavam sabendo que, ao transformar Batman em um herói sessentão, aposentado e desiludido, nos idos de 1986, Miller revolucionou a trajetória do Morcegão e acabou criando uma autêntica obra-prima. E O Cavaleiro das Trevas, marcado por uma narrativa inovadora, com diálogos afiados, boa pitada de cinismo e muito humor, foi um sucesso estrondoso, tanto de público quanto de crítica.

Por isso, a notícia de que o antigo beat boy dos quadrinhos estava trabalhando no Cavaleiro das Trevas 2, com a mesma equipe da aventura original, foi saudada com entusiasmo no mundo todo. Só nos EUA as pré-vendas (usuais no mercado americano) chegaram a 175 mil exemplares encomendados.

No entanto, já a primeira parte da minissérie, lançada em dezembro do ano passado, foi recebida com certa reserva – para não dizer decepção – pelos leitores. Trinta dias depois, com a segunda parte, não houve mais dúvida: a empreitada caminhava para um glorioso fracasso. A ação continuou confusa, os desenhos exageradamente caricaturais, beirando o grotesco, e a colorização assinada por Lynn Varley, oscilava do medíocre ao estapafúrdio. Como conseqüência, a DC Comics suspendeu a publicação da terceira e última parte, o mesmo fazendo a Editora Abril, no Brasil.

No final julho último, a conclusão chegou, enfim, às comics shops americanas, quatro meses depois da data prevista. Aqui, ainda não se sabe quando sairá a versão nacional. Sabe-se, porém, que a decepção popular não se modificou, tendo obrigado o autor, inclusive, a vir a público manifestar-se sobre a qualidade do seu trabalho.

– Depois de 15 anos, eu tenho uma nova visão dos super-heróis – tentou explicar Frank Miller. “Acredito que os quadrinhos são melhores quando irreverentes. Há um grau de absurdo delicioso nesses personagens. Por isso, o meu objetivo foi reintroduzi-los como super-heróis e não como crianças cheias de problemas, depressivas ou melancólicas. Queria heróis capazes de fazer coisas legais. E aí comecei a brincar com isso.”

Brincadeira infeliz

Miller é incapaz de admitir que a brincadeira tenha sido de mau-gosto ou se prestado para colocar em risco a popularidade do herói criado por Bob Kane. Nem que a continuidade da trama tenha empanado o brilho da sua produção anterior.

– Eu sabia que iria irritar as pessoas – confessou ele. “Mas era exatamente o que eu pretendia. Além de contar uma história que estava morrendo de vontade de contar, foi como um bofetão. Não esperava que as pessoas me agradecessem por isso.”

Para Frank Miller, o mercado de quadrinhos vive uma época de isolamento, sem novidades, principalmente no que se refere aos super-heróis. E acrescenta que o Cavaleiro das Trevas 2 foi uma oportunidade de chacoalhar um status quo lamentável.

A opinião de Miller não coincide com a dos leitores. Em todo o mundo, as críticas continuam se sucedendo. Inclusive quanto ao tipo de coloração, por computador, adotado por Lynn Varley. A tentativa de dar à história um aspecto “pop”, também resultou em fiasco. Prova é que, no Brasil, muitos já nem mais se lembram que ainda falta sair a terceira e última parte da aventura, que, não obstante, a Editora Abril promete publicar brevemente.

UNIVERSO MARVEL – Linha econômica está chegando

Os primeiros títulos da chamada “linha econômica” de quadrinhos da Panini chegaram na semana passada às bancas e jornaleiros do Brasil. Com 48 páginas, em formato 15 x 24,5 cm, papel da mesma qualidade das publicações regulares da editora e preço de R$ 2,90 o exemplar, Marvel Knights e Quarteto Fantástico/Capitão Marvel terão regularidade mensal. O primeiro apresenta um mix de alguns dos mais populares heróis do selo Marvel, como Justiceiro e Demolidor, e outros que andavam desaparecidos, como Mestre do Kung-Fu, Manto e Adaga, Doutor Estranho e Viúva Negra. O segundo reúne Quarteto Fantástico, o grupo mais tradicional da editora americana, e Capitão Marvel (que nada tem a ver com o herói homônimo da DC, pupilo do mago Shazam), agora vivido pelo filho de Genis-Vell, o Capitão original.

Os outros lançamentos são Marvel Mangaverso, com os personagens Marvel sob a ótica do mangá japonês; X-Men: Evolution e Gundam Wing, com versões adaptadas dos desenhos animados da rede de TV a cabo Cartoon Network. Com circulação bimensal, 100 páginas e preço de R$ 4,90, Marvel Apresenta é o quinto título da nova série. O primeiro número traz Wolverine e Hulk, em um belo trabalho escrito e ilustrado por Sam Kieth.

Segundo José Eduardo Severo Martins, presidente da Panini Brasil, a linha econômica é o início da segunda etapa do plano editorial da empresa para o mercado de quadrinhos no país.

UNIVERSO DC – Para onde irão Super-homen & cia.?

O futuro das revistas de linha e dos super-heróis da DC Comics no Brasil, incluindo Batman, continua uma incógnita. Agosto marcou o derradeiro mês sob o selo da Abril. O que acontecerá a partir de setembro, ninguém sabe. Ou não diz. Com isso, os boatos se sucedem. Depois de anunciarem que a própria Panini Comics, detentora dos direitos dos personagens da Marvel e que os vêm publicando, no Brasil, através da Mythos Editora, estaria disposta a assumir também a concorrente (como já o fizera, anteriormente, a Abril), agora indicam um possível interesse da Devir Livraria, que teria adquirido o material pelo valor anual de 200 mil dólares.

O pessoal da Panini Comics Brasil, embora informe não existir ainda nenhuma decisão, confessa haver interesse nos títulos da DC. Já Douglas Quinta Reis, diretor da Devir, desmente categoricamente a notícia de aquisição dos direitos:

– Devir não negociou nem assinou nenhum novo contrato com a DC – disse, em depoimento para o site Universo HQ. “Além de ser um investimento muito alto, a editora hoje não possui estrutura para publicar o volume de revistas necessário para fazer um bom trabalho com o Universo DC” – concluiu.

Helen Fakhr, da Character Comércio e Serviços Ltda., representante da DC Comics no Brasil, por sua vez, confirma a falta de definição a respeito:

– Estamos falando com diversas editoras. Por enquanto, a única certeza que temos é que as publicações terão continuidade no Brasil – acentua.

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