Os alunos das sete oficinas do 1º Simpósio de Cerâmica Popular (evento paralelo ao 16º Salão Paranaense de Cerâmica) produziram obra que eles mesmo se surpreenderam. O Simpósio ocorreu de 25 a 29 de agosto, na Federação das Indústrias do Estado do Paraná, em Curitiba.
Professores de diversas modalidades puderam sentir os resultados do que repassaram aos oficineiros. As aulas ocorreram no Centro de Exposições Horácio Coimbra, da Fiep. Já as palestras, todas as manhãs e tardes, complementaram a prática nas oficinas.
Algumas obras produzidas pelos alunos serão selecionadas para o 16º Salão Paranaense de Cerâmica e ficarão em exposição no Museu Alfredo Andersen (Rua Mateus Leme, 336), de 04 de setembro a 24 de outubro.
Em Técnicas de Modelagem e Queimas Primitivas e Convencionais, o ceramista Paulo Oberik Roberto, que é professor há 19 anos, ensinou a moldar na palma da mão. "Com os dedos como ferramentas e a palma como suporte, os alunos vão dando a forma que querem. O calor das mãos provoca um craquelê que dá ainda mais destaque para esse tipo de trabalho".
Ele conta que os índios brasileiros queimavam as peças em fogueiras, e que esse processo foi descoberto por acaso quando uma pequena bolinha de barro rolou para o fogo e a argila transformou-se em cerâmica resistente. Para essa oficina veio gente de Camboriú (SC), como é o caso de Alziréia Santana de Almeida, que confeccionou objetos decorativos.
Mesmo não sendo tão primitiva, Paulo Roberto mostrava também a técnica de se misturar algodão cru ao barro. "As tranças não quebram, ficam leves e as peças têm movimento mesmo em objetos finos como manto de santos."
A cultura nordestina também está presente nas oficinas do Salão Paranaense de Cerâmica com o mestre Horácio Rodrigues, de Caruarú (Pernambuco). Ele ensinou a moldar peças do folclore brasileiro e nordestino. Seguidor do ceramista popular mestre Vitalino, Horário conta que vive desse trabalho. Em Curitiba ele mostrou para Daniele Colaço, que já trabalha com cerâmica em Guaraqueçaba (PR) e aprendeu a produzir outras formas que as habituais.
Em Cerâmica da Tradição Tupi-Guarani, o Frei Pacífico mostrou os processos utilizados pelos nossos antepassados. As peças dessas tribos têm boca larga, sem alças ou asas e são feitas utilizando a técnica de tarugos (rolinhos) colados com barbotina (barro diluído em água). "Já a cerâmica cabocla, é mais redonda, com boca estreita, com alça e asas", compara.
O acordelamento (também rolinhos) é a técnica de modelagem ensinada por Déo Almeida na oficina Traços e Formas. Os alunos fezeram utilitários como panelas, gamelas, fruteiras, saboneteiras, etc colando um rolinho em cima do outro, unindo-os com barbotina e prensando com os dedos. Vindo de Betim (Pará), o professor trabalha com cerâmica marajoara e tapajônica (das comunidades à margem do Rio Tapajós) há 20 anos. "A tapajônica se caracteriza pelas figuras humanas e de animais. A marajoara, pelo grafismo e pintura em vermelho, preto e branco."
Os oficineiros do professor Gilberto Pavan Narciso aprenderam sobre a Cerâmica Artesanal Curitibana. A maioria dos alunos teve contato com a modelagem da argila pela primeira vez. As técnicas básicas que aprenderam foram a confecção de placas e sua colagem, os rolinhos e a confecção de ferramentas com arame, e vidrado em peças de bijouteria.
Por fim, a Arte, Serigrafia e Cerâmica com o artista plástico e ceramista Sérgio Moura, ensinou a pintura em azulejos com serigrafia. Para essa oficina os alunos usaram tinta de porcelana e desenharam com palitos de madeira.