Bandido “pop”

No rock brasileiro, Paulo Miklos é pop desde o início da década de 80. Nos últimos tempos, porém, o cantor do grupo Titãs tem dado vazão também à sua porção ator. Não por acaso, ele dá mais um passo na carreira e está atualmente em Bang Bang, da Globo, onde interpreta o bandido Kid Cadillac. Embora se considere marinheiro de primeira viagem na tevê, ele havia feito apenas uma pequena participação no seriado Os Normais, Miklos tem angariado elogios. Satisfeito com a boa repercussão, o novato conta que tem se divertido bastante ao "encarnar" o personagem da trama das sete e não se importa de não freqüentar diariamente a fictícia Albuquerque. Muito pelo contrário. Miklos tem bons motivos para comemorar. "É como se todos nós tivéssemos oito anos de idade e estivéssemos brincando de forte apache", compara.

Dono de um currículo bastante conhecido no meio musical, Miklos nunca pensou em atuar como ator. Mas a oportunidade de interpretar bateu à sua porta em 2001, quando deu vida ao bandido Anísio no filme O Invasor, de Beto Brant. Além do longa, ele também participou da produção americana rodada no Brasil Journey to the end of the Night e do filme Boleiros 2, ambos de 2006. "O mais interessante em atuar é a sensação de estar num jogo, numa brincadeira mesmo, onde a gente troca com os companheiros de cena", destaca.

P – Você estreou como ator no cinema. Novela é muito diferente?

R – É uma experiência totalmente nova para mim e bem diferente do cinema, onde entrei sabendo sobre o personagem que iria interpretar do início ao fim. Na tevê eu tinha feito anteriormente apenas uma pequena participação em Os Normais. Participar de novela é outra coisa. Está servindo para entender um pouco mais da mecânica e como funciona o trabalho. Em tevê é tudo muito mais rápido e exige rapidez de raciocínio, o que é estimulante e dá uma resposta bem rápida. Mas exige uma dedicação grande, o que não pude dar, uma vez que quando a novela estreou estava lançando o disco novo do Titãs.

P – Mas você toparia fazer novelas novamente?

R – Sem dúvida. Em Bang Bang meu personagem é um tanto periférico e passeia pela trama. Mas gostaria de ter um papel maior, de participar mais das histórias, ter mais contato com os outros personagens. O único problema, contudo, é conciliar as gravações com o Titãs, já que é difícil administrar.

P – O que você achou mais interessante no Kid Cadillac?

R – É o fato de ele ser descaradamente um bandido, que só pensa em dinheiro e não tem escrúpulos. Ao mesmo tempo, tem uma coisa meio atrapalhada, um tom cômico bem aguçado. Realçar isso foi muito legal. Assim que soube que faria o Kid, lembrei de um filme com dois personagens bem próximos a ele. Fiz tendo como inspiração o longa Matar ou Correr, com Oscarito e Grande Otelo, que é fantástico e bastante divertido.

P – O que mais o fascinou na hora de interpretar?

R – Foi a sensação de estar num jogo, participar da brincadeira. Esse é o grande barato e posso me exercitar, trocar experiências. O que tenho percebido é que a cada trabalho as coisas vão ficando mais difíceis e têm me consumido mais. Por outro lado, passei a pensar e refletir cada movimento, cada gesto. Agora fico mais preocupado com o que está acontecendo ao redor, onde a câmara está passando, como me comportar.

P  – Você encontra alguma explicação para Bang Bang não ter emplacado?

R – O que eu pude perceber é que a idéia da novela era mesmo ser uma coisa experimental. Além disso, nunca houve nada parecido na tevê. A trama tinha realmente uma proposta diferente. É uma grande comédia, com direito a histórias de faroeste. Na minha modesta opinião, talvez o problema tenha sido o fato de não ter tido uma trama mais dinâmica, que a própria estrutura de uma novela necessita. Ficou provado que era preciso fazer algumas mudanças e as pessoas correram atrás do prejuízo. Mas acredito que foi um aprendizado para todos.

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