A banda de rock curitibana Estranhos no Ninho está lançando seu primeiro CD independente. O disco foi gravado em um "home studio" (estúdio caseiro) e propõe uma experiência única para o ouvinte: música e incríveis efeitos de áudio em 3D, utilizados na mixagem.
Estranhos no Ninho foi formada em Curitiba, em outubro de 2002, quando o músico, compositor e jornalista – não obrigatoriamente nesta ordem – Maurício Armênio (voz e baixo) convidou os amigos Fernando "Fejão" Ferronato (guitarra) e Dizian Rachwal (bateria) para a gravação de uma "demo" (música demonstração) de uma de suas composições. A música escolhida na ocasião foi Curita (Pra Não Dizer Que Não Falei do Relógio das Flores). O resultado encorajou o trio, que partiu para a gravação de outras músicas, que viriam a compor o repertório do primeiro CD.
A inspiração
O nome e o conceito da banda foram inspirados no filme Um Estranho no Ninho, de 1975, dirigido por Milos Forman, que arrebatou cinco Oscar no mesmo ano e tem, basicamente, como questionamento a loucura humana. A banda tenta oferecer ao público um rock diferenciado do que tem sido apresentado em Curitiba e no Brasil, seja pela música em si, seja pelas letras que as acompanham, em muitos momentos com referências (e reverências) a locais e personalidades do Paraná.
Na "viagem" musical dos Estranhos acontece a fusão do rap com o blues-rock Curita – Pra Não Dizer Que Não Falei do Relógio das Flores, do rock como soul Maldita, com a balada Graciosa, com o rock’n roll Pontes e Refrões, com o funk O Básico, com o hard rock Uns e Outros e Vida, esta última parceria do CD, com o poeta curitibano Thadeu Wojciechowski. O rock da banda ultrapassa fronteiras, vai ao Oriente e mistura-se inesperadamente com a música árabe, em "Mil e Uma. A MPB aparece "turbinada" no CD, no balanço pesado da canção Tendências Psicodélicas do Amor. Escrita como se ainda vivêssemos nos psicodélicos anos setenta, segundo Maurício Armênio, Tendências intencionalmente provoca e curiosamente soa atual. A música é apresentada no CD em duas versões. Na primeira, surge com a fusão MPB/rock psicodélico, com bateria acústica; na segunda, "para as pistas de dança contemporâneas", aparece com bateria eletrônica "house a 130bpm". Ainda, vários efeitos de áudio podem ser percebidos durante a audição do CD, propiciando ao ouvinte uma "expansão" de sua experiência como som estéreo. Tais efeitos foram conseguidos com a utilização de um programa especial de mixagem de áudio.
Black Maria
Outra banda local, que lançou na semana passado o CD Treze Vinte, produzido pelo mutante Sérgio Dias, é a Black Maria. A gravação do álbum começou em setembro de 2003 e terminou em fevereiro de 2004. "Sérgio Dias já conhecia a banda, das várias vezes que esteve em Curitiba. Fizemos contato por e-mail para saber se ele aceitaria produzir nosso CD. No mesmo dia ele retornou e logo demos início as gravações", comenta Franco Milani, vocalista do Black Maria.
Para Sérgio, o que pesou na decisão para produzir o disco foi a qualidade das músicas e das composições. "Eles são a vanguarda do que está sendo feito hoje – música brasileira de qualidade. Take me Home, por exemplo, é uma música que bate no meu coração", disse Sérgio.
O nome Treze Vinte foi inspirado no calendário Tzolkin, principal legado cultural dos Maias. Sua cultura está centrada na concepção que os Maias tinham do tempo, distinta da idéia contemporânea de que tempo é dinheiro. Tempo era arte para os Maias. De qualquer maneira, Treze Vinte é um disco de rock and roll, com influências latinas e hip-hop.