Foram dois discos nos anos 70. Mais um duas décadas depois. Duas separações, duas voltas. Um baixista que pulou fora em 75. Um guitarrista que saiu em 2007. Desde o começo da banda, são 38 anos entre tantas idas e vindas – e poucas passagens pelo estúdio, diga-se. Mas nem o próprio líder, vocalista e guitarrista do Television, Tom Verlaine, sabe explicar o motivo da legião de fãs que ainda se reúnem para assistir aos seus shows. “Eu não sei como é isso. Mas fico muito grato. E é também muito divertido”, diz Verlaine, hoje um senhor de 61 anos.

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A banda é considerada, na cronologia do rock, uma precursora de todo o movimento punk que invadiu Nova York e Inglaterra no começo dos anos 70. Mas o Television é tão precursor, tão precursor, que qualquer desavisado que ouça alguma faixa dos três discos – “Marquee Moon” (1977), “Adventure” (1978) e “Television” (1992) – nunca o colocaria num mesmo grupo que os Ramones, só para citar uma banda contemporânea a Verlaine e companhia. “Exato. Nunca fomos punk!”, exclama o vocalista ao JT, por telefone. “Os Ramones tinham praticamente um uniforme, usavam todos as mesmas roupas. Todos são diferentes, sabe? As pessoas são muito superficiais e dizem um monte de m…”, continua. “O que acontece é que, independentemente da década, anos 70, 80 ou 90, o Televison sempre soou diferente”.

A banda que se apresenta amanhã no Beco 203, na Rua Augusta, pontualmente às 22h30 (como eles fizeram questão de frisar), perdeu um dos seus principais alicerces com a saída, em 2007, do guitarrista Richard Lloyd. Ele, ao lado de Verlaine, criou uma sonoridade muito baseada em duas camadas de boas linhas de guitarra – algo que, em certos momentos, pode ser encontrado em bandas como o Strokes, no terceiro disco, “First Impressions of Earth”, de 2006. É totalmente oposto ao minimalismo musical do punk. Verlaine desconversa quando o assunto é Lloyd. “Hoje, tocamos com o Jimmy Ripp. E, sinceramente, eu toquei mais em shows com ele, de 1981 até agora”. E sobre Lloyd ter dito, à revista inglesa News Music Express, que teve de ficar invisível para que Verlaine brilhasse? “Esqueça isso”.

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Um ano após lançar “Adventure”, o Televison se separou pela primeira vez. Verlaine seguiu em carreira solo. E, sem a companhia dos outros parceiros de banda, ele produziu muito mais: foram dez discos, sendo o último, “Songs and Other Things”, lançado em 2006. Desde 1981, o novo guitarrista do Television, Jimmy Ribb, já estava ao seu lado, inclusive na regravação da música “Cold Irons Bound”, de Bob Dylan, para o filme “I’m Not There”, de 2007.

A pequena discografia do Television pode ganhar mais um capítulo – o quarto – ainda este ano. Segundo contou Verlaine, o quarteto tem um punhado de músicas prontas. O que falta para o lançamento? “As gravadoras estão todas quebradas. Estamos pensando ainda no que fazer com nosso material. Até o fim deste ano, daremos um jeito”, diz. É quase como uma volta ao sonho do garoto de Nova Jersey, que se mudou para Nova York em 1968, aos 19 anos, sonhando em lançar um disco. As informações são do Jornal da Tarde.

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Television – Beco 203 (R. Augusta, 609 – Consolação). Tel. (011) 2339-0351. Amanhã, às 22h30. Ingresso: R$ 80 (antecipado) e R$ 100 (na porta).