Gene Loves Jezebel: show hoje em Curitiba. |
Tire a maquiagem negra do fundo da gaveta, desenterre as roupas pretas do armário, esculpa na cabeça um penteado a la Robert Smith e teste no espelho a sua expressão mais melancólica: o Gene Loves Jezebel toca hoje à noite em Curitiba. Expoente do rock gótico dos anos 80, a banda faz apresentação única no Moinho São Roque, a partir das 23h.
O quarteto britânico composto por Jay Aston (vocal e guitarra), James Stevenson (guitarra), Chris Bell (bateria) e Peter Risingham (baixo) está no Brasil para para promover o CD ao vivo Accept no Substitute, recém-lançado. No repertório, além das faixas desse disco, estão clássicos como Love keeps dragging me down, Desire, Heartache, Sweetest Thing e Motion of Love.
A banda nasceu com o nome de Slav Arian em 1980, quando os irmãos gêmeos Jay e Michael Aston chamaram o guitarrista Ian Hudson, compraram uma bateria eletrônica e começaram a tocar em pubs de Porthcawl, no sul do País de Gales. A banda foi rebatizada como Gene Loves Jezebel no ano seguinte, quando os três se mudaram para Londres, e foram tragados pela cena gótica. Os shows começaram a se suceder, e logo eles assinaram com a gravadora Situation 2. Em maio de 82, foi lançado o demo-single Shavin? my Neck. Denso, pesado e com toques experimentais, o som ousava ao misturar ritmos quase tribais com guitarras poderosas.
Outros dois singles foram lançados em 1983, antes do primeiro álbum, Promise. Em 1984, eles gravaram uma participação no programa de John Peel na BBC e fizeram uma turnê com John Cale, do Velvet Underground. Seguiu-se uma excursão aos Estados Unidos.
De volta à Inglaterra, lançaram os singles Influenza (Relapsed) e Shame, e no ano seguinte atingiram as paradas “indie” britânicas com The Cow, a partir do qual foi gravado o álbum Imigrant. Em novembro do mesmo ano gravaram Desire, e partiram para uma segunda turnê nos EUA. Foi quando aconteceu o primeiro revés: o guitarrista Ian Hudson abandonou a banda, sendo substituído por James Stevenson (ex-Generation X).
A banda engrenou de novo, passou a ser incensada pela Beggars Banquet, e em março de 1988 o single Sweetest Thing atingiu o Top 75. O reconhecimento mundial veio em julho do mesmo ano, com o álbum Discover.
O som também foi ficando mais refinado, como em Heartache, cujo clipe virou mania na MTV. O single seguinte, Desire, chegou ao 7 .º lugar na Billboard da dance music, e rendeu três prêmios de vídeo nos EUA.
A partir do disco House of Dolls, o Gene Loves Jezebel enveredou de vez à dance music. Mas em 1989 foi a vez de Michael Aston abandonar o barco, para montar a banda Edith Grove.
No ano seguinte, já sem Michael, o Gene Loves Jezebel lançou Kiss of Life, após o qual atravessou um período difícil, perdeu o contrato, e tentou recomeçar do zero. Enquanto procurava outra gravadora, concentraram-se em apresentações por toda a Europa e Estados Unidos, até assinarem com a independente Savage em 1991. Nesse período de entressafra compuseram as músicas de Heavenly Bodies, que apesar de tudo traziam mensagens ensolaradas, de esperança e otimismo.
O disco foi gravado em Munique e Londres, com direção de Peter Walsh, dos Simple Minds, que procurou “reter a energia vital dos espetáculos, o cartão de visitas da banda”. Lançado em janeiro de 1993, Heavenly Bodies, foi um sucesso, e rendeu até a participação na trilha sonora de Entrevista com o Vampiro e uma compilação “best of” lançada em 1996.
Mas isso não evitou o naufrágio da Savage e a hibernação da banda nos anos seguintes. Só em 1998 o Gene Loves Jezebel voltou à vida, para gravar o disco VII, lançado no ano seguinte pela Robinson Records. No mesmo ano se seguiram Love Lies Bleeding e Live in Voodoo City, e no ano passado, Ghost. Como se vê, o quarteto luta para se livrar dos fantasmas do passado.
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O Moinho São Roque fica na Av. Desembargador Westphalen, 4000, e abre às 21h30. Ingressos à venda por 25 reais à venda nas lojas CD Club do Shopping Curitiba, Armazém do CD e no local. Informações: (41)333-3964.