Banda britânica Alt-J faz show hoje

O apelido de Radiohead britânico ficou para trás. Na história da curta e meteórica carreira do Alt-J, os rótulos são desmistificados em alta velocidade. Difícil até descobrir em qual prateleira os dois discos do grupo, An Awesome Wave (2012) e This Is All Yours (2014), podem ser encontrados nas lojas. Indie? Pop? Rock? Progressivo? Retro? E nada disso parece importar a Joe Newman (guitarra e vocal principal), Gus Unger-Hamilton (teclados) e Thom Green (bateria).

A identidade sonora da banda que se apresenta nesta sexta-feira, 27, no Cine Joia, em uma das Lolla Parties, e sábado, 28, às 15h55, no palco Skol do Lollapalooza, nasceu quando os integrantes ainda eram estudantes da universidade de Leeds, na Inglaterra, em 2007. O que ouvimos hoje nos dois álbuns – e será visto nos palcos paulistanos – está explicado na origem do grupo. Tocavam no volume mínimo, nos corredores e dormitórios, para evitar reclamações de barulho. Nunca foram contraventores do rock, rebeldes sem causa. Fazem parte de um movimento nerd da música, determinados a encontrar a sonoridade perfeita sem atalhos.

Até janeiro do ano passado, Gwil Sainsbury integrava o quarteto original do grupo. Ele anunciou a saída e Cameron Knight assumiu baixo, guitarra e sintetizadores. Sainsbury garantiu que, apesar de deixar o grupo, ainda é grande amigo dos outros integrantes. O álbum mais recente foi gravado já com a nova formação, mas isso não afetou o resultado, como garantiu o tecladista Unger-Hamilton ao Estado, por telefone. “O disco saiu da fôrma como nós queríamos. Acho que a saída de Gwil não mudou o jeito como soaríamos neste trabalho.”

Tímido ou dono daquele ar blasé inglês, Unger-Hamilton não é do tipo que gosta de prolongar suas respostas. Assim como o Alt-J, ele não aparenta gostar da comunicação de forma direta. A banda mostra apreço por brincar com texturas e criar canções que possam transcender e se tornarem imagéticas. Não por acaso, o próprio nome do grupo, Alt-J, é uma imagem, na realidade – explicando: ao pressionar os botões Alt e da letra J do teclado nos computadores Mac cria-se o símbolo de um triângulo, o verdadeiro “nome” do grupo. “Desde o início, acho que nunca nos preocupamos em criar uma identidade sonora para o nossa banda”, explica o tecladista. “Quero dizer, o nosso interesse é fazer música que seja boa, que a gente goste de ouvir. Esse lado imagético das canções é, de fato, algo que gostamos muito.”

O Alt-J chamou a atenção logo quando o primeiro e único EP do grupo foi lançado, em 2011. Quando An Awesome Wave, o álbum, saiu, no ano seguinte, foi uma comoção na Inglaterra, colecionando elogios de revistas e sites especializados em música alternativa. O diferencial do grupo é que ficava evidente que o quarteto se distanciava do que se ouvia nas rádios, caminhando suavemente entre o pop e o indie, usando mais massa encefálica que os concorrentes. O disco foi indicado em três categorias para o Brit Awards (espécie de Grammy britânico), foi eleito pela BBC como o melhor daquele ano e ainda recebeu o Mercury Prize, maior prêmio britânico da música. “Foi ótimo ganhar esses prêmios, principalmente o Mercury Prize”, diz Unger-Hamilton sobre a estreia do grupo ter sido tão bem recebida pela crítica.

O tecladista pode não ter percebido a mudança, mas ela está evidente em This Is All Yours, segundo disco do grupo, lançado em setembro. Não fosse a estreia ter sido tão bem aceita, seria difícil imaginar o grupo com tanta confiança para lançar um disco ainda mais denso, menos solar e perigosamente sombrio. “Estamos mais maduros”, afirma o músico de 25 anos. “A maturidade nos traz tranquilidade. Sabemos o que queremos fazer e como fazer.”

O fato de o primeiro álbum ser tão premiado colaborou para o crescimento de público do Alt-J. Em 2013, eles deixaram os pequenos palcos e se aventuraram pelo circuito dos festivais gigantes, como os imponentes Reading and Leeds, Bonnaroo e Glastonbury. Aventuraram-se por shows em países como Rússia e China, expandindo o circuito Europa-EUA. “Esse crescimento foi gradual”, aponta ainda Unger-Hamilton.

No Brasil, eles tocam no palco principal do Lollapalooza, o mesmo de Robert Plant e Jack White. This Is All Yours deve dominar o set de uma hora e vai provar a força do primeiro single da banda, Hunger of The Pine, que traz um sample na voz de Miley Cyrus cantando I’m a Female Rebel. Pop e indie juntos. Quase um manifesto anti-Radiohead. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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