Banda Allah-Las faz show no Sesc Pompeia

Se existe uma banda que teve oportunidade de buscar o melhor das reverências para seguir, essa é o Allah-Las – pronuncia-se ‘alalás’. Três integrantes do quarteto, que já se conheciam do período no ensino médio, trabalharam juntos na Amoeba Music Store, em Los Angeles, uma das mais bacanas lojas de discos independentes e espaço colossal para amantes dos vinis.

Pedrum Siadatian (guitarra), Spencer Dunham (baixo), Matt Correia (percussão) e Miles Michaud (voz e guitarra), que se apresentam nesta quinta-feira, 14, no Sesc Pompeia, surgiram como se tivessem sido catapultados de algum momento de meados da década de 1960 diretamente para as rádios universitárias norte-americanas e para os blogs dedicados à música independente.

Um artigo do britânico The Guardian, certa vez, tentou explicar o som que o Allah-Las faz: “Eles vieram daquele período, entre 1965 e 1966, quando as bandas de rock começaram a fumar maconha, mas antes de elas descobrirem o ácido”. É fácil relacionar o Allah-Las a bandas como The Animals, Love ou, mais escancaradamente, The Byrds, esta também nascida e criada debaixo do quente sol de Los Angeles e todos integrantes, de um frutífero período do nascimento do garage rock.

Faltou ao The Guardian, contudo, encontrar um molejo não natural de países acima do trópico. Em entrevista ao Estado, por telefone, o baixista Spencer Dunham presta homenagem à Tropicália brasileira como parte da inspiração para canções dos dois discos do grupo lançados até aqui: Allah-Las (2012) e Worship the Sun (de setembro de 2014). “Gostamos muito do clássico da Tropicália. Infelizmente, conhecemos melhor o material dessa época do que a música contemporânea brasileira”, confessou Dunham. Ele conta que, há uma década, houve um redescobrimento de artistas como Caetano Veloso e Os Mutantes entre a geração de jovens californianos de 20 e poucos anos.

Além de Caetano e da banda dos irmãos Baptista e Rita Lee, o baixista explica que a canção chamada Ela Navega, presente no primeiro disco, é uma homenagem à bossa nova. Se falta um certo traquejo para acertar o ritmo cadenciado no violão da mão direita, sobra uma boa vontade em tentar importar a bossa para a praia californiana. Há outras referências à música nacional, como a De Vida Voz, do segundo disco, canção cujo nome foi o resultado de uma tradução malfeita, mas mantida pela diversão dos garotos, atualmente, beirando os 30 anos de idade.

O Allah-Las se beneficia das boas influências, mas não quer mais o rótulo de “banda revival” estampado após o lançamento do primeiro disco. Em Worship The Sun, eles avançam ainda mais na experimentação e deixam os princípios do garage rock um pouco de lado. “Ainda somos os mesmos quatro caras que tocaram pela primeira vez em uma noite de Dia das Bruxas, em 31 de outubro de 2008”, ele conta. Parte do disco chegou a ser refeita para não soar como o antecessor. “Entendo que as comparações existem. Qualquer banda contemporânea será comparada a outra do passado. Quando líamos as comparações, só pensávamos: ‘Cara, não é exatamente isso que estamos fazendo’.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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