Elisabetta Zenatti quer atrair um novo público para a Band. A diretora-geral de programação e artístico da emissora, de 39 anos, pretende aproveitar os investimentos feitos em entretenimento e dramaturgia para conseguir elevar a audiência em programas que fujam do esporte e do jornalismo, tradicionais no canal. E, para isso, não pretende combater uma concorrente específica. ?Temos de roubar um ponto aqui, outro ali… Nossa batalha é contra todas?, explica. Italiana, Elisabetta se mudou para o Brasil há 10 anos e, de lá para cá, sempre trabalhou com televisão. O convite da Band veio depois que sua produtora, a RGB, emplacou a novelinha infantil Floribella na grade da emissora. Por isso mesmo, uma de suas principais estratégias para alavancar os números da empresa é o núcleo de dramaturgia. A emissora estréia em maio Água na Boca, que substituirá Dance Dance Dance. ?Priorizamos tramas leves e sem violência e não vamos mudar mais o horário?, justifica a executiva, que está no cargo há um ano e meio.
P: Em 2007, a Band só perdeu em crescimento no Ibope para a Record. Qual é a meta para 2008?
R: A Band está investindo muito alto em produção e isso é visto em todas as áreas. Acredito que vamos levar vantagem neste ano em função de todos os eventos que vão acontecer. Vamos passar por um período de eleições e a contratação do Boris Casoy é um alívio em relação a esse assunto. Além disso, temos as Olimpíadas de Pequim e o Campeonato Brasileiro. Percebemos que a nossa audiência subiu muito ano passado com as transmissões do Campeonato Paulista.
P: Nesse caso, não seria melhor focar em esporte?
R: Entendemos que esporte e jornalismo já são tradicionais na Band. Com isso, conseguimos um público específico que nos assiste naturalmente. Não vamos deixar de valorizar esse tipo de programação, mas queremos ampliar e obter destaque em outros segmentos. Como na área de teledramaturgia, onde já colhemos bons frutos.
P: Paixões Proibidas não passava de três pontos de audiência e Dance Dance Dance está entre três e cinco. Por que esses números são considerados bons para a emissora?
R: Nós sabemos que essa conquista de público para a teledramaturgia da emissora será um processo lento. Podemos analisar da seguinte forma: Floribella era um sucesso nos parâmetros da Band e o máximo que deu foi seis pontos. Partindo disso, conseguir cinco com Dance Dance Dance é ótimo. Dramaturgia é uma questão de hábito e nós tivemos intervalos entre as três produções. A nossa estratégia para alavancar esses números é continuar optando por novelas leves, sem violência ou temas muito fortes.
P: Entre as emissoras da tevê aberta, existe alguma que preocupe mais vocês?
R: Enxergo a Band lutando contra todas as emissoras. Não dá para negar que somos uma empresa menor. Sendo assim, precisamos aproveitar um pontinho que caia na audiência da Globo, dois na Record, três no SBT, e assim por diante. Mas, mesmo dentro dessa filosofia, buscamos sempre ter personalidade própria.
P: Quais foram os programas mais assistidos da emissora em 2007?
R: Nosso maior retorno de audiência vem do Brasil Urgente, que fica entre oito e dez pontos. O Jornal da Band e o Programa Raul Gil conseguem dar entre seis e sete pontos. Um segmento que nos surpreendeu foi o sertanejo. Tanto que Terra Nativa já está na lista dos programas mais vistos da emissora. Eu sei que são números baixos se compararmos com Globo ou Record, mas crescemos 12 % em 2007. E, se analisarmos apenas o segundo semestre do ano passado, o crescimento foi de 25%. Isso me faz acreditar que estamos no caminho certo.