Começou ontem a SPFW, São Paulo Fashion Week, que define os rumos da moda para o verão 2005. Pode parecer fútil, pode parecer elitista ou burguês. Mas a moda gira bilhões em negócios no Brasil e só perde, em termos de países do primeiro mundo, para a indústria bélica e a indústria alimentícia. Além disso, cedo ou tarde, os mais humildes também irão copiar essas tendências do SPFW para suas confecções de bairros e/ou cidades interioranas.
Um homem que passa suas férias torrando ao sol e aproveitando as noites dos balneários: essa é a proposta do estilista Ricardo Almeida, que abriu a edição de verão 2005 da São Paulo Fashion Week no Pavilhão da Bienal, no Parque do Ibirapuera. O desfile teve como estrela o ator Marcello Antony, bastante aplaudido.
O clima da coleção é super anos 70, o que é sintetizado nas calças bocas de sino – mas nem tanto – de modelagem bem justa, marcando as formas masculinas. Os rapazes de Ricardo Almeida têm um ar cafageste “light”, tanto que alguns até desfilaram de cueca. Ousadia? Não, apenas uma parceria com uma marca de underwear.
As calças são usadas com camisetas e paletós; nada de gravatas. A Riviera Francesa de Ricardo Almeida tem uma cartela de cores claras que inclui o branco, o off-white, o gelo, o bege e o cinza claro. As listras aparecem nas padronagens, mas sempre em tons afins. As cores mais escuras são pontuais na coleção, assim como as camisetas de cores vibrantes
Jardim florido
Alexandre Herchcovitch transformou a sala de desfiles da São Paulo Fashion Week num enorme jardim – com girassóis, copos-de-leite, um urso gigante e centenas de flores arranjadas por Vic Meirelles – para mostrar sua coleção feminina: um sonho colorido mas, ao mesmo tempo, perturbador. Perturbador pelas formas marcantes e pela interpretação romântica do estilista, pela trilha sonora e pela mistura.
A coleção é cheia de cor e cortes marcantes – os macaquinhos são balonês, os vestidos trapézios armados e os tops, evasês. As calças têm aberturas laterais e algumas saias ganham fitas que marcam sua barras, franzindo-as. As padronagens revelam uma mistura de tons quase caótica, sempre privilegiando cores fortes como a turquesa, rosa, laranja. As flores também aparecem como inspiração em vestidos coloridos.
Casaquinhos com fitas compõem com bermudas e calças justas e os capuzes de tecidos levíssimos são colados à cabeça, num clima quase futurista e impactante. Os recortes são sutis. Além de tops frente-únicas, Herchcovitch propõe camisas curtas usadas em sobreposições e saias com bolsos frontais na leva menos ousada de seu verão.