Para celebrar seus 45 anos, o Balé Teatro Guaíra decidiu realizar uma circulação pelo Brasil, convidando uma companhia pública em cada cidade na qual se apresenta. Hoje, no Auditório Ibirapuera, dividirá o palco com o Balé da Cidade de São Paulo. Criado em 1969 por Ceme Jambay e Yara de Cunto, o Guaíra tem mais de 130 coreografias em seu repertório e, dentre elas, escolheu A Sagração da Primavera (Olga Roriz/Stravinsky) para compartilhar com seus parceiros. Abrindo o espetáculo, o BCSP apresentará Cantata (Mauro Bigonzetti, músicas italianas de 1700 a 1800).

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Desde 2012, o Balé Teatro Guaíra é dirigido por Cíntia Napoli, que entrou como bailarina na companhia em 1980. “Dançava no Balé da Cidade de São Paulo há apenas uns 4 ou 5 meses quando o Balé Guaíra fez uma audição em São Paulo. Passei e fui para a seleção final, em Curitiba, onde estou até agora.” Cíntia sucedeu Andrea Sério. “Tinha muita afinidade com a sua gestão, período em dava aula de dança contemporânea e era ensaiadora.”

Conta que o projeto que celebra o aniversário, chamado de Balé Teatro Guaíra e Cias, nasceu no ano passado, ocasião em que se preparava para enfrentar 2014 que, por ser ano eleitoral e de Copa do Mundo, se anunciava especialmente difícil. Manaus foi a primeira cidade a ser visitada, e lá o anfitrião foi o Corpo de Dança do Amazonas. Agora é a vez de São Paulo.

“Foi fantástico em Manaus, onde nunca tínhamos dançado. Foi um encontro muito intenso, para além do espetáculo. Fizemos aula juntos, uma companhia ensaiou para a outra, nós, os diretores, conversamos muito sobre estratégias de sobrevivência, e até coisas que parecem menos importantes, como um jantar, por exemplo, revelou o quanto queremos e precisamos nos aproximar, pois todos se misturaram, interessados em conhecer melhor o outro. Voltamos inspirados, sabendo que podemos crescer quando trocamos ideias.”

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Sob seu comando, pretende colaborar para “dar uma cara” ao Balé Teatro Guaíra. “Uma das coisas em que penso muito é que somos uma companhia contemporânea, mas diferente de quando eu dançava sob a direção de Trincheiras, que nos apresentava como uma ‘companhia eclética’. Esse entendimento cabia naquela época, mas agora não serve mais. E digo isso por conta das audições que fizemos e do tipo de bailarinos que recém-contratamos.”

Interessada em diminuir a sua vulnerabilidade face ao que sucede a cada quatro anos, quando as trocas de governo, frequentemente, desativam o que vinha sendo construído, passou a incentivar os bailarinos a se tornarem criadores: “O artista criador compreende a companhia em outra perspectiva. O projeto Experiência Urbana, proposto pelos próprios bailarinos, é um exemplo.

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Interessados em levar a dança a um púbico que ainda não assistiu à companhia, estão aprendendo a fazer negociações institucionais. Para mim, esse é o tipo de amadurecimento que prepara para sobreviver às mudanças”.

O roteiro de apresentações compartilhadas pelo Balé Teatro Guaíra inclui também Belo Horizonte (com a companhia do Palácio das Artes, no dia 24 de outubro), Salvador (com o Balé Teatro Castro Alves, nos dias 30 e 31 de outubro) e Niterói (com a Cia. de Ballet da Cidade de Niterói, nos dias 22 e 23 de novembro).

Finalizando esse primeiro ciclo, de 14 a 23 de novembro será realizado, em Curitiba, um seminário para discutir o papel das companhias públicas na dança brasileira e os grupos convidados dançarão novamente lá. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.