O Balé Teatro Guaíra estréia um novo espetáculo nesta sexta-feira (9) e sábado (10), sempre às 20h30, e domingo (11), às 18h, no Guairinha. A peça criada especialmente para o Balé, pelo coreógrafo venezuelano David Zambrano, traz um título ao estilo das concepções do coreógrafo: ?Mornindog/Dancingday/Piggynight?. O programa completa-se com ?Caixa de Cores?, de Luiz Fernando Bongiovanni, que o grupo estreou em setembro do ano passado. Os ingressos custarão 10 reais.
Zambrano explica que neste trabalho faz uma composição ?que se assemelha à natureza, constantemente mudando e se transformando de uma coisa para a outra. Onde os bailarinos estão sempre passando através de alguma coisa e se conectando entre si e com o ambiente. Sempre indo juntos para algum lugar, através de caminhos invisíveis?. E diz mais: ?Pode-se imaginar, aprofundando-se na leitura, que seriam as constantes e eternas transposições na marcha incessante rumo aos novos momentos, e o constante exercício da harmonia e do conhecimento?.
Tradicionalmente o criador venezuelano prefere atuar com pequenos grupos e desta vez foi a mesma coisa: depois de conhecer a companhia e efetuar testes, escolheu 18 bailarinos. ?Me interessa muitíssimo criar um ambiente no qual os bailarinos se sintam confortáveis, que possam mostrar sua forma de pensar. Não me interessa trabalhar com profissionais que sejam somente ferramentas, mas que também sejam pensantes?, comentou.
Em outras palavras o coreógrafo incentiva o uso da inteligência corporal na dança, não somente o intelecto. ?Isso se estimula através de exercícios, com imaginações, com observação do movimento do corpo, do espaço. Uso vários exercícios para estimular a imaginação do bailarino e assim é possível criarmos junto uma dança?, explicou.
Daí a razão porque embora a concepção e direção sejam suas, ele faz questão de frisar que a coreografia conta com a colaboração do elenco. A assistência é do eslovaco Peter Jasko, que nos últimos quatro anos vem colaborando com Zambrano como ?performer? e como assistente em suas aulas e workshops.
Atuando com o Bale Teatro Guaíra desde meados do mês passado, o venezuelano chegou com ?muitas idéias?, mas a principal sustentava-se justamente na parceria com os colegas. ?Tenho um tempo bem curto para montar o bailado, cerca de três semanas, mas trabalharemos quatro horas diárias de forma intensa?, comentou.
Zambrano confessou que esta produção do BTG representa um desafio, pois ?meu treinamento não é clássico, é contemporâneo. Por essa razão é que aceitei este trabalho; é um desafio para mim trabalhar com bailarinos clássicos. É a primeira vez que faço isso em minha vida?.
A diretora do Balé, Carla Reinecke, porém, observa que os integrantes da companhia não são estritamente clássicos. Prova disso são os diversos bailados contemporâneos. ?O interesse em trazê-lo foi no sentido de proporcionar à companhia contato com um artista de renome internacional e que aplica uma técnica própria – Flying Low – bastante interessante.É uma oportunidade para o Balé Teatro Guaíra conhecer outras técnicas, outros trabalhos, a exemplo do que aconteceu com outros coreógrafos contemporâneos que aqui estiveram, como Henrique Rodovalho?, disse Carla.
?Caixa de Cores?, de Luiz Fernando Bongiovanni, a segunda montagem da noite, faz referência ao trabalho do físico Isaac Newton, que criou a divisão da luz em sete cores, reconhecidas pelo olho humano, mais o branco (a união de todas as cores) e o negro (a ausência de cor). Bongiovanni associou o comprimento das ondas das cores ao estado de espírito.
Zambrano
David Zambrano, nascido na Venezuela, é um cidadão do mundo: viveu 15 anos em Nova York atualmente reside em Amsterdam (Holanda) e já esteve em 40 países. Como educador trabalhou com mais de 25 mil estudantes e, na condição de bailarino, apresentou-se nos lugares mais variados. Seus trabalhos incluem desde a criação coreográfica passando pela estruturação de improvisações e improvisações puras.
Para Zambrano improvisar também é arte. Contudo, há uma técnica que permeia este tipo de trabalho. A mais notável é a ?técnica de vôo baixo?, que examina a relação do bailarino com o chão, ministrada para grupos e companhias de diversos países. Das montagens assinadas pelo coreógrafo – para solos e grupos – destacam-se ?Doze Moscas Saíram ao Meio-Dia?, ?Água Forte?, ?Barcelona em 48 Horas?, ?Salão de Baile?, ?Projeto Coelho?, ?Piscada Vermelha? e outros.
Serviço:
Balé em nova coreografia
Dias: 9,10,11
Horários: 9 e 10 às 20h30 e 11 às 18h
Local: Salvador de Ferrante (Guairinha)
Ingressos: R$ 10