Após mostrar grupos de dança contemporânea – como o Corpo, a Deborah Colker Companhia de Dança e o Alonzo King Lines Ballet – e espetáculos de linguagem diversa – como Desh, de Akram Khan, e o flamenco Fuego, da Antonio Gades – é o clássico que encerra a 11.ª Temporada de Dança do Teatro Alfa.

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Conhecido por Balé Kirov – nome que o grupo russo carregou entre 1935 e 1992 – o atual Balé do Teatro Mariinsky volta a São Paulo após três anos para apresentar cinco espetáculos em dois programas. O primeiro, que vai desta quarta-feira, 19, a sábado, 22, é reservado à coreografia O Corsário. Inspirada no poema homônimo, de autoria de Lord Byron (1788-1824), a obra foi vista pela primeira vez em 1856, no Théatre Impérial de l’Opéra de Paris. Dois anos mais tarde, estreou em São Petersburgo com coreografia assinada por Jules Perrot, tornando-se um dos destaques do Mariinsky.

Dividida em três atos, a peça conta a história de Conrad, um corsário rejeitado, quando jovem, pela sociedade que não vê suas ações com bons olhos. Mais tarde, ele passa a lutar contra a sociedade.

“É um verdadeiro exemplo do balé romântico e puro”, diz o diretor da companhia, Yuri Fateev, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo por e-mail. “Na coreografia, há espaço para tudo: há movimentos clássicos, intenso pas de deux.” Segundo ele, enquanto as bailarinas emprestam tons pitorescos a algumas cenas, os solos masculinos mostram virtuosidade.

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Com apresentação exclusiva no domingo, a companhia juntou coreografias relevantes na história da dança em uma sessão chamada Grande Gala. O programa abre com Les Sylphides e segue com O Espectro da Rosa e A Morte do Cisne, todas assinadas pelo coreógrafo russo Mikhail Fokine (1880-1942). O encerramento fica por conta de uma sequência de excertos, que destaca momentos de Don Quixote e Diana e Acteon.

Enquanto Les Sylphides se aproxima mais d’O Corsário pelo caráter vibrante e romântico, O Espectro da Rosa e A Morte do Cisne dão um peso histórico à Gala. “Essas peças disseminaram a dança clássica russa pela Europa”, diz Fateev. “As coreografias viraram uma sensação no início do século 20.” O diretor destaca a escolha da bailarina Uliana Lopatkina que, segundo ele, é considerada a melhor performer d’A Morte do Cisne dos tempos atuais.

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A ideia da sequência final é apresentar um vasto panorama de obras que representam as cenas clássica e moderna. Além dos trabalhos já citados, vai ser possível, por exemplo, ver a coreografia Painting, criada pelo solista do Balé Mariinsky, Yuri Smekalov.

A vinda da companhia russa é uma grande aposta da curadoria do Teatro Alfa: assim como ocorreu com o grupo espanhol Antonio Gades, a participação é fruto de uma parceria com uma produtora carioca que costuma trazer balés clássicos de qualidade ao Brasil. “É uma companhia grande, são muitos bailarinos em cena. É uma atração de peso em termos de custo, infraestrutura e produção”, diz Elizabeth Machado, que divide a curadoria da temporada com o gerente de Programação Fernando Guimarães e o consultor de dança João Carlos Couto.

Para Fateev, o sucesso centenário da companhia se explica na tradição e disciplina da instituição. “O principal elemento que ajudou a preservar o alto padrão de performance foi a consistência no ensino e no treinamento dos bailarinos”, afirma. Segundo o diretor, o apuro artístico e técnico faz com que cada um se sinta parte de uma grande mágica no palco. “Foi aqui que nasceram as obras-primas do balé clássico.”