Hoje é a última oportunidade para o público curitibano apreciar o grupo de balé do Teatro Guaíra. A companhia apresenta o trabalho Espaços pelo terceiro dia consecutivo. Nesse espetáculo, com coreografia de Henrique Rodovalho montada em julho de 2004, a idéia é valorizar o movimento dos dançarinos. O coreógrafo dividiu o balé em duas coreografias. Em Espaço 1, o princípio é o próprio corpo do bailarino e a relação de seus movimentos e o espaço. Em Espaço 2 existe pequenos esboços de personagens, mostrado toda sua contemporaneidade.

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Para a bailarina Simone Camargo, há quatro anos e meio no Balé, no trabalho do Rodovalho a movimentação é focada no bailarino. Essa execução faz com que a dança ganhe peso. Enquanto uma trabalha com um material abstrato, a outra enfatiza o lado mais humano, cotidiano e contemporâneo, com momentos próprios. É o que pensa a diretora do Balé do Teatro Guaíra, Carla Reinecke. Segundo ela, as duas coreografias se unem num mesmo cenário. Carla começou sua carreira como bailarina, já deu aula em escola e assumiu o Balé Guaíra 2 (companhia secundária do Teatro) em 1996. Em Curitiba há 29 anos, assumiu o Balé Teatro Guaíra em 2003.

Criado em 1969, o balé do Teatro Guaíra é um dos mais famosos do Brasil. Em 1979, quando seu nome foi modificado para Balé Teatro Guaíra, a companhia passou a ser dirigida pelo coreógrafo português Carlos Trincheiras, que durou até 1993. Nesse período realizou obras importantes com coreografias de sua autoria e de outros profissionais importantes. Entre as diversas coreografias de Trincheiras, como Dimitriana, Sinfonia 3 e Petruchka, se destaca O Grande Circo Místico, com música composta por Edu Lobo e Chico Buarque, e roteiro de Naum Alves de Souza, tornando o Balé do Guaíra conhecido internacionalmente.

Contemporâneo

Para Carla Reinecke, o objetivo do atual balé é chegar ao século XXI buscando contemporaneidade sem perder os laços com o clássico. Espaço 1 é executado com a música Noite transfigurada, de Arnold Schönberg, e Espaço 2 é encenado com concerto para violino elétrico e orquestra, de Tracy Silverman. Ambos com resultados visuais distintos, mas uma só idéia: a ocupação do espaço. Num mesmo cenário formado por duas grandes paredes em diagonal, Noite transfigurada imprime um ritmo mais lento a Espaço 1. Revelando influências do jazz, rock pop, a obra de Silverman se mostra mais agitada.

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Para a bailarina Pricila Krenzinger, há três anos e meio no grupo, esse balé é um desafio para os dançarinos pois estão lidando com uma coreografia em que os bailarinos usufruem de uma linguagem diferente, alternando o clássico e o contemporâneo. O bailarino Fábio Valatão, o mais experiente da companhia com dezoito anos de palco, lembra que todo o trabalho realizado depende da participação do público. ?A presença dele é que dá sentido ao nosso trabalho?, comenta.

O Balé do Guaíra está refazendo sua programação para se apresentar em outras capitais e busca um patrocínio para dançar nos Estados Unidos. Em maio eles apresentarão outro trabalho, o 2.º sopro, também chamado de Balé da chuva e Trânsito. 

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