Mornindog/Dancingday/Piggynight, a nova coreografia do venezuelano David Zambrano será apresentada entre hoje e domingo pelo Balé do Teatro Guaíra (BTG), no Auditório Salvador de Ferrante. Criada especialmente para a Companhia do Guaíra, Zambrano contou com o assistente eslocavo Peter Jasko, que o acompanha há quatro anos, e com o elenco de bailarinos paranaense, em sua primeira parceria com o BTG. O movimento corporal e sua relação com o espaço foi a maneira que o coreógrafo utilizou para incentivar a criatividade dos bailarinos. Também será apresentada a coreografia de Luiz Fernando Bongiovanni, Caixa de cores.
?A composição coreográfica se parece com a natureza, constantemente mudando e se transformando?, comentou Zambrano durante os ensaios. O balé lembra a impermanência da vida, citada por religiões e movimentos filosóficos, e se traduz em movimentos numa constante universal, como a famosa frase do cientista francês Antoine-Laurent Lavoisier, ?na natureza, nada se cria, nada se destrói, tudo se transforma?. A coreografia de Zambrano se utiliza de improvisações, o que afirma o caráter natural das estruturas e sua impermeabilidade num processo contínuo. No budismo a impermanência é considerada a verdade básica do universo e também um processo de renascimento e criatividade. ?Improvisar também é arte?, reflete o coreógrafo.
Natural da Venezuela, atualmente David Zambrano reside em Amsterdã (Holanda), após 15 anos trabalhando em Nova York (EUA). Seu currículo se divide em duas vertentes do balé: atuação e ensino. Mais de 25 mil estudantes já aprenderam suas técnicas; estruturou companhias com a costumeira improvisação, e na condição de bailarino, realizou espetáculos em mais de 40 países. Uma das técnicas que o coreógrafo ressalta o improviso é a ?técnica de vôo baixo?. ?Ela examina a relação do bailarino com o chão?, e já foi ministrada para alunos e grupos de diversos países. Entre suas montagens de destaque estão Doze moscas saíram ao meio-dia, Água forte, Barcelona em 48 horas, Salão de baile, Projeto coelho e Piscada vermelha.
BTG
Batizada como Corpo de Baile da Fundação Teatro Guaíra, em 1969 o governo do Estado criou o BTG, dirigido por Ceme Jambay e Yara de Cunto.
Em 1999 Suzana Braga assumiu a direção do balé e a companhia foi dividida em duas. O novo quadro se voltaria para a pesquisa na dança contemporânea, sob direção da coreógrafa e professora de dança Carla Reinecke, a atual diretora do BTG. Em 2004, quanto o Balé do Guaíra fez 25 anos, Carla conseguiu que a BTG voltasse a fazer parcerias com a Orquestra Sinfônica do Paraná.