Diferentes instrumentos para os oito integrantes não são suficientes na hora de compor um disco do Bajofondo. Para o recém-lançado Presente, foram necessárias passagens aéreas e internet de banda larga. “Começamos a trabalhar nesse disco há dois anos e meio. Nesse período, nos encontramos em Montevidéu, Buenos Aires e Los Angeles. Quando não estamos juntos, trocamos arquivos de computador”, relembra Gustavo Santaolalla, 61 anos, líder da banda de argentinos e uruguaios.
Cheio de convidados e faixas dançantes, Mar Dulce (2007), último CD do grupo – cujas músicas estiveram na trilha das novelas A Favorita e Avenida Brasil – contrasta com Presente, em que apenas uma orquestra de cordas e sopros reforçou os arranjos. “Nesta turnê, tocamos músicas do novo disco e as pessoas sempre terminam dançando”, defende Santaolalla, que fez uma leva de shows nos EUA e promete vir ao Brasil em julho.
“Temos muita vontade de voltar. Tenho amigos aí, como Walter Salles e Marisa Monte. Gostamos muito do público daí. É difícil para artistas que não são brasileiros chegar até aí”, disse em conversa com a reportagem por telefone, diretamente de Los Angeles. Vencedor de dois Oscars pelas trilhas de Babel e O Segredo de Brokeback Mountain, ele mantém endereço nos EUA, onde é requisitado pela indústria do cinema. “Estou trabalhando em um filme de animação com o Guillermo del Toro, o Book of Life. Acabo de terminar a música para meu primeiro jogo de videogame, o The Last of Us, que sai em junho para Playstation. Foi uma experiência incrível.”
Mesmo morando nos EUA, o artista é figura fácil na Argentina, onde mantém uma vinícola. “Todos os dias leio os jornais argentinos. Sei o que está acontecendo”, explica ele, que não se surpreendeu com a eleição de um papa argentino. “Não é por acaso. A América Latina é o último bastião que eles (Igreja) têm, pois estão perdendo fiéis para os evangélicos e outros. Desejamos que seja um elemento de mudança para a Igreja.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.