“I am the king of the world!” (Eu sou o rei do mundo). Certamente o leitor mais ligado em cinema vai reconhecer de onde essa frase surgiu. Para quem ainda não sabe, ou simplesmente esqueceu, ela é do blockbuster Titanic, de 1997, quando, em um determinado momento, o personagem Jack Dawson (Leonardo DiCaprio) grita quando está na proa do navio.
Na cerimônia do Oscar de 1998, o diretor do longa-metragem, o canadense James Cameron, repetiu essa fala ao levar a estatueta de melhor diretor por conta desse filme. Mas por que voltar a tocar nesse assunto?
Apenas para relembrá-los e também avisar que o novo trabalho de Cameron, a ficção científica Avatar, deverá coloca-lo novamente como o “rei do mundo” (ou na pior das hipóteses, rei de Hollywood). Mais do que obrigatório, esse filme marca o retorno, em grande estilo, de James Cameron como diretor, produtor e roteirista.
Avatar, que estreia amanhã nos cinemas, é superlativo em todos os sentidos. Desde o orçamento do filme, que seria próximo a US$ 500 milhões, tornando o mais caro da história do cinema, passando pelo tempo em que foi idealizado (notícias dão conta de que foi gasto quase uma década para concebe-lo) até o tempo de duração (160 minutos), o filme é um gigante por natureza.
Porém, todo esse dinheiro gasto, todos esses anos utilizados e todo esse tempo de projeção valeram a pena? Não só valeu como também Avatar vai além de um mero filme.
Traçando um paralelo, a nova criação do “rei do mundo” deve trazer um impacto semelhante quando, no longínquo ano de 1977, George Lucas iniciou a fantástica saga de Star Wars (isso sem levar em consideração a prequel da franquia, claro), ou seja, a criação de um universo tão perfeito que certamente irá gerar uma legião de fãs e seguidores.
Alguns, que geralmente torcem o nariz para superproduções norteamericanas (leia-se chatos de plantão), vão querer argumentar que o filme deve ser apenas efeitos especiais e nada mais. Ledo engano.
É verdade que a produção visual de Avatar é o seu principal chamariz, todavia, existe sim uma história por trás de tanta tecnologia (coisa que não ocorreu, por exemplo, com o péssimo 2012) e, acreditem ou não, ela é boa e prende a atenção do espectador.
Apenas para efeitos de informação, a história acontece no distante planeta de Pandora, terra dos humanoides Na’vi, com seus mais de três metros de altura. Nesse local, tão belo quanto hostil, humanos buscam um material conhecido como unobtainium e precisam lidar com a perigosa fauna e flora local e também com os nativos.
Nesse cenário caótico, surge Jake Sully (Sam Worthington, de Exterminador do futuro: salvação), um fuzileiro naval paraplégico que vai ser uma espécie de piloto do programa Avatar, clones dos Na’vi que pode preservar a percepção de um humano. Durante sua estadia em Pandora, o protagonista vai enfrentar o dilema de ajudar a sua espécie ou de ficar ao lado dos Na’vi.
Além dos excelentes efeitos visuais e roteiro, o público é presenteado ainda com ótimas atuações. O australiano Worthington, que vem chamando a atenção no mundo do cinema, mostra toda a sua versatilidade, convencendo tanto no papel do humano com limitações físicas quanto no gigante Na’vi.
A norteamericana Zöe Saldana (Star Trek), como a nativa Neytiri, demonstra toda a sua agressividade quando o momento exige, mas também demonstra toda a sua delicadeza em cenas mais românticas. Há ainda a boa atuação de Stephen Lang, como o vilanesco coronel Quaritch e também de Sigourney Weaver, que repete a parceria com Cameron, onde havia trabalhado no ótimo Aliens, de 1986.
A câmera do diretor explora planos v,ertiginosos (principalmente se você assistir em Imax 3D) e, em muitas cenas, é difícil distinguir o que é real e o que é fantasia.
Resta apenas saber quanto tempo Avatar vai romper a barreira de US$ 1 bilhão (coisa que poucos conseguiram) e quando seremos presenteados novamente com os delírios megalomaníacos (no bom sentidido da palavra) de James Cameron.