A capa do primeiro disco da cantora e compositora Ava Rocha, de 32 anos, filha do cineasta Glauber Rocha (1939-1981), batizado de “Diurno”, é perturbadora. Quatro cabeças decapitadas repousam nas areias de uma praia deserta. O resultado remete ao icônico disco “Secos & Molhados” (1973) ou ao filme “Cabeças Cortadas” (1970), de Glauber. Mas Ava garante que não. “Foi uma ideia que veio do artista plástico Tunga. Mas se vocês acham que a capa se conecta a essas referências, acho bom, pois a fortalece”, diz ela.

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A imagem da capa reflete o caráter experimental desse recém-lançado álbum de sua banda, a Ava, formada ainda por Rocha (voz), Daniel Castanheira (bateria, percussões, efeitos eletrônicos), Emiliano 7 (violão e efeitos) e Nana Carneiro da Cunha (violoncelo e vocais). Com voz marcante e timbres fortes, boa parte das músicas é interpretada pela cantora, que também assina quase todas as composições. O resultado é uma mistura de samba, MPB, música de cabaré e bossa nova.

O trabalho principal de Ava, no entanto, é o de cineasta. Mas uma coisa, segundo ela, não atrapalha a outra. “Nunca cantei profissionalmente, mas conheci os integrantes da banda e fomos fazendo experimentos. Quando percebemos, já tínhamos um repertório”, conta. Ava, no entanto, não gosta de classificar que tipo de música faz. “Está embutido de muitos gêneros. A recepção que estamos tendo no exterior também está sendo boa. Acho que fizemos um som universal.”

Para o disco de estreia, tudo foi pensado com cuidado. Inclusive o nome do álbum: “Diurno”. “Pensamos até em não dar nome”, diz. “Mas o conceito dele é forte e precisamos de um nome.” As músicas são contrastantes. “Tem um pouco de soturno, mas é muito luminoso.” Além de letras próprias, Ava incluiu uma composição de seu avô, o poeta colombiano Jorge Gaitán Durtán, pai de sua mãe Paula Gaitán. O poema foi musicado por Ava e Emiliano 7. As informações são do jornal “O Estado de S. Paulo”.

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