Autores da nova geração conquistam cedo o sucesso

A neozelandesa Eleanor Catton tem 28 anos. O suíço Joël Dicker acabou de completar 29. Ela ganhou, no ano passado, o Man Booker Prize, o mais prestigioso prêmio literário em língua inglesa, por Os Luminares (Globo), romance de 800 páginas que está lançando agora no Brasil, e se tornou a mais jovem na lista que já contava com autores do peso de Julian Barnes e Hilary Mantel. Por A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert (Intrínseca), romance de 500 páginas, Dicker ganhou prêmios importantes, como o Prix de l’Académie e o Goncourt des Lycéens, mas não tão importantes quanto o de Catton. Em compensação, seu livro – o sexto que escreveu, o segundo que conseguiu publicar e o primeiro best-seller – já foi traduzido para mais de 30 línguas.

Os dois conquistaram muito cedo o que muitos escritores passam a vida buscando: sucesso de público e de crítica. E na mesa que dividiram no final da tarde dessa quinta-feira, 31, na Flip, Fabulação e Mistério, eles falaram sobre o futuro e as motivações para continuarem escrevendo e, principalmente, sobre o processo de preparação e escrita dos romances que apresentam agora no País. Dois livros interessantes, cuja estrutura é tão ou mais importante do que a história, e que trazem em si, como apontou o mediador José Luiz Passos, escritor e professor de literatura na Universidade da Califórnia, uma espécie de manual de escrita do romance.

Os Luminares se passa num vilarejo na Nova Zelândia, em 1866. “Pensei num romance que se passasse na corrida do ouro. O que me interessava era o período e a ideia de uma liberação de si mesmo, da possibilidade de se reinventar ao ficar rico de uma hora para a outra”, conta a escritora. Nesse momento, começou a pensar em destino e no sentido da palavra fortuna, e isso a levou até a estrutura que usou: a organização do livro segue os princípios astrológicos e 12 personagens são regidos pelos astros. Antes disso, ela nunca tinha se interessado pelo tema.

Os Luminares é, também, um a história de mistério, e Eleanor Catton gostou do gênero. “Acho que só vou escrever mistérios a partir de agora”, disse, Mas logo voltou atrás: “Não, não quero me comprometer com isso ainda”, concluiu.

Assim como no livro de Catton, há um crime na obra de Joël Dicker, embora ele só tenha se dado conta de que escreveu um livro de mistério quando foi chegando ao fim. Seu processo não foi planejado. Não havia um roteiro ou algo do gênero. Com cinco livros fracassados na bagagem, ele só queria se divertir e foi seguindo os instintos. “O livro é sobre um escritor com bloqueio criativo que tenta desvendar o crime supostamente cometido por seu mentor”, explica. Não se trata, porém, de um livro policial, na opinião do autor. “É a história da amizade deles”, diz. A trama se passa nos Estados Unidos em 2008, mas remonta a 1975.

Dicker está preocupado com o mercado editorial e livreiro e também com as novas gerações. “Temos o dever de não achar que o que conquistamos está bom, mas de envolver as novas gerações e fazer com que sonhem.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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