Moscou – A estréia da primeira ópera montada pelo próprio Teatro Bolshoi, em Moscou, está ameaçada por uma polêmica. A montagem de Filhos de Rosenthal no principal palco da capital russa está sendo criticada porque seu autor, o escritor Vladimir Sorokin, é acusado de ter lançado um romance ?pornográfico? em 1999.
Cinco anos atrás, o livro Blue Lard causou furor por incluir a narração de uma cena de sexo entre os líderes soviéticos Nikita Kruschov e Josef Stalin. Embora o livro não tenha nenhuma outra relação com a ópera do Bolshoi além do mesmo autor, setores conservadores da sociedade moscovita estão se mobilizando para impedir a apresentação.
A polêmica, motivada por parlamentares da base governista do presidente Vladimir Putin, levou à convocação de uma sessão extraordinária na Duma, o parlamento russo. Deputados pediram a exoneração da diretoria do teatro, que é uma instituição pública. A maioria dos deputados, porém, admitiu nunca ter lido e nem conhecer o libreto da ópera.
No entanto, o diretor do teatro, Gueorgui Ikhanov, o compositor Leonid Dessiatnikov e o produtor Eymuntas Niakroshus estão comemorando a publicidade espontânea, que não conseguiriam pagar se tivessem de contratar uma agência. O caso, no entanto, já gerou episódios de violência.
A organização de jovens governistas ?Vamos Juntos? tem feito protestos em frente ao prédio do Bolshoi. O grupo de estudantes e jovens políticos conservadores, que assumiu voluntariamente a missão de ?zelar pela pureza ideológica na nova Rússia?, costuma rasgar obras de Sorokin em público por considerá-las obscenas.