A confusão entre a obra e a intimidade de seu criador sempre existiu. A vida privada dos artistas não teriam tanto interesse se fosse diferente. Mas o que o teatro vivencia hoje é uma explosão de espetáculos que tomam aspectos autobiográficos como matéria-prima.
O gênero documental tem merecido novos matizes. Na recente MITsp – Mostra Internacional de Teatro de São Paulo, a espanhola Angélica Lidell expunha no espetáculo Eu Não Sou Bonita a situação de abuso sexual da qual foi vítima.
Em Luís Antônio – Gabriela, o diretor Nelson Baskerville enveredava por caminho semelhante. Recuperava o passado familiar, a trajetória do irmão que se tornou travesti e acabou expulso de casa – empurrado para a prostituição. Do mesmo diretor, depois veio a público o espetáculo Lou&Leo, no qual o transexual Leo Moreira Sá expunha sua trajetória de transformação.
Sob o título de Memórias, Arquivos e (Auto) Biografias, um conjunto de 12 artistas – oriundos de diferentes grupos – criou espetáculos tendo acontecimentos de suas vidas como inspiração. Expõem-se, dessa forma, relacionamentos conjugais, brigas familiares, mortes e descobertas pessoais. A coordenadora do projeto era Janaína Leite, atriz que já criou a peça Festa de Separação, na qual expunha o próprio divórcio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.