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Atrizes brasileiras estreiam em festival em parceria polonesa

Não é de hoje que parece haver uma boa onda de parcerias entre atores e artistas nacionais e internacionais. A atriz Bete Coelho parece ser exemplo disso. Desde A Dama do Mar (2013) com o diretor Bob Wilson, e a – esquecida – superprodução de Garrincha (2016) com o norte-americano, ela também estreou no ano passado A Melancolia de Pandora com Steven Wasson, discípulo do mestre da mímica Étienne Decroux. Agora, a atriz mergulha, ao lado de Magali Biff e Denise Assunção, nas palavras de Jean Genet em As Criadas, peça encenada pelo diretor polonês Radoslaw Rychcik, que estreia no Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto, que começa nesta quinta, 6.

Na montagem, o trio adentra o universo cruel do escritor francês no qual duas criadas planejam a morte de sua patroa. “É uma atmosfera muito sombria”, explica o diretor conhecido como Radek. “A peça traz uma situação obscura que também permite uma catarse às criadas”, conta ainda.

Enquanto Madame não chega, as empregadas Solange e Claire estão no quarto da patroa vestindo suas roupas, experimentando seus chapéus e revivendo uma rotina de opressão, enquanto revelam segredos de ódio e inveja. “As atrizes são disciplinadas e muito diferentes entre si. Há uma individuação que busquei nos ensaios para reforçar as características de cada uma”, diz o diretor.

A história foi inspirada no caso real das irmãs Papin, que assassinaram a mulher e a filha do seu patrão na França, em 1933. Na época, não apenas Genet, mas Sartre e Jacques Lacan se debruçaram sobre o ocorrido, considerando um retrato da luta de classes.

Para Bete, a experiência com o diretor vai na contramão de suas últimas montagens, que compunham paisagens no palco com grande apelo visual. “Ele traz a palavra mais rasgada”, conta. “O diretor seca o cenário para molhar o texto e as nossas ações no palco.” A atriz conta que participar de um texto francês com direção polonesa é só mais uma das capacidades do teatro. “As fronteiras não importam tanto, porque acabamos nos parecendo muito semelhantes. O teatro tem essa superioridade.”

FESTIVAL INTERNACIONAL DE TEATRO DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

Vários lugares. De 6 a 15/7.

R$ 10. www.fitriopreto.com.br

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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