Atores de televisão encaram papéis complexos no teatro

Em Hollywood, é comum atores famosos do cinema atuarem em espetáculos da Broadway. No Brasil, essa onda se torna cada vez mais frequente, com o movimento de atores de TV buscando novos – e diferentes – papéis no teatro. Em trabalhos notoriamente complexos, atores e atrizes da televisão tentam comprovar seus dotes e buscam meios de se experimentar nas artes dramáticas. Um deles é Reynaldo Gianecchini, para quem “um ator tem que se arriscar, tem que estar disposto sempre a colocar o dedo na ferida”.

Amanhã, assim que terminar a novela “Passione”, o ator planeja tirar férias. Descansar um pouco. Mas não por muito tempo. Em um restaurante dos Jardins, ele conta que tem pressa em entrar na sala de ensaio. Pretende passar alguns meses se dedicando à construção do que talvez seja o mais difícil personagem de sua trajetória: Gustavo, protagonista de “Cruel” – uma adaptação do clássico de August Strindberg, “Os Credores”.

Mas Gianecchini não é o único a lançar-se no arriscado território da alta dramaturgia. Os projetos do ator para 2011 ecoam, em grande medida, uma trilha aberta recentemente por outros colegas de profissão. Primeiro, Thiago Lacerda mergulhou na loucura descrita por Albert Camus em “Calígula”. Depois, foi a vez de Malvino Salvador, conhecido quase exclusivamente por suas aparições em telenovelas, mudar de lado e surgir como o soturno protagonista de “Mente Mentira”, de Sam Shepard.

Já Maria Fernanda Cândido travestiu-se de malvada em “Ligações Perigosas”, de Christopher Hampton. E Paula Burlamaqui resolveu buscar em “O Amante”, de Harold Pinter, uma personagem sob medida. “Já tinha feito muitas peças, mas nunca exatamente aquilo que eu queria”, comenta a atriz, que abre temporada do espetáculo no Rio, dia 16 de março.

A estreia da peça “Cruel” deve dar a Gianecchini a chance de viver o segundo vilão da sua carreira. Ele sabe, contudo, que agora precisa dar conta deu ma vilania de natureza diversa: menos óbvia e direta do que a dos folhetins televisivos. Na versão da obra de Strindberg, ele encarnará um homem pérfido – como fez em “Passione”. Vai deparar, porém, com uma maldade cheia de matizes. Quem deve guiá-lo nessa empreitada é Elias Andreatto, experiente ator e diretor de teatro, que promete a estreia para junho e já tem seu casting completo. Para o papel feminino, escolheu Maria Manoella, um dos destaques da cena teatral paulistana. Para a ala masculina, resolveu apostar em outro global. Além de Gianecchini, convidou Erik Marmo para viver o seu antagonista.

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