Quando são escalados para gravar novelas no exterior, os atores logo pensam em unir o útil ao agradável. Fazer o que tiver de ser feito e, se sobrar tempo, visitar pontos turísticos, tirar fotos e comprar umas “lembrancinhas”. Mas uma viagem como essa não foge da regra básica de qualquer viagem de qualquer pessoa: os projetos são bonitos no papel mas nem sempre têm o aval da realidade. Entre imprevistos que forçaram uma revisão de planos está a vez que Thiago Lacerda foi “afanado” na Inglaterra, a que Antônio Calloni foi perseguido pela polícia espanhola e a que Reginaldo Faria passou mal no Marrocos.
Os 30 dias de gravação da novela “Esperança” na Itália foram marcados por contratempos. O ator José Mayer teve a bagagem extraviada em Roma, Eva Wilma levou um tombo e Raul Cortez teve uma laringite. Reynaldo Gianecchini também penou um bocado para gravar no lombo de um burrico. Foram nada menos do que sete quedas. “O animal parece lento, mas corre demais. Levei cada tombo…”, valoriza.
Além da dificuldade de domar o animal, Reynaldo padeceu para gravar num frio de 13º C. Como a tradicional corrida de burros acontece na primavera, o ator teve de vestir um figurino leve, que não condizia com o final de inverno europeu. “Vivia dando pulinhos para tentar me aquecer”, recorda. Stênio Garcia sabe o que é trabalhar num clima desfavorável. No Deserto do Saara, o ator enfrentou temperaturas de 53º C à sombra. O jeito era tomar chá de hortelã, que funcionava como isolante térmico. “Tomei uns 20 litros no primeiro dia”, exagera.
Desarranjos
O ator Reginaldo Faria também estranhou o Marrocos. À noite, ele não conseguia dormir porque os moradores da cidade acordavam de madrugada para fazer suas orações em direção a Meca. Segundo a religião islâmica, os muçulmanos têm de orar voltados na direção da cidade natal do profeta Maomé cinco vezes por dia. Reginaldo também não se adaptou à culinária marroquina. O carneiro que degustou num restaurante da capital Rabat não caiu lá muito bem. “Fiquei desarranjado por quatro dias”, confessa.
Thiago Lacerda só não passou mal na Inglaterra, onde gravou as primeiras cenas de “Terra Nostra”, porque almoçava nas filiais britânicas da rede McDonald’s. Mas foi justamente numa dessas lanchonetes que ele viveu uma autêntica desventura além-mar. Num belo dia, deixou a pochete com passaporte, carteira de motorista e US$ 500 na mesa ao lado e, quando se deu conta, ela já estava nas mãos do alheio. “Foi, no mínimo, irônico. Um carioca do Grajaú criado na Tijuca roubado em Londres!”, queixa-se.
O ator de “Terra Nostra” não deu queixa à polícia, mas Antônio Calloni quase foi parar numa delegacia na Espanha. Durante as gravações de “Era Uma Vez”, ele e Drica Moraes interpretaram “manequins vivos” que trabalhavam nas “ramblas” de Barcelona. “O realismo era tanto que alguns transeuntes jogavam moedas para nós”, lembra Calloni. A certa altura, os dois eram perseguidos pelo detetive interpretado por Tuca Andrada. “A polícia achou aquela correria descabida e saiu atrás da gente”, completa ele.
Corrida de avestruzes
A atriz Christine Fernandes teve mais sorte. Quando foi gravar “Perdidos de Amor”, da Band, na África do Sul, ficou hospedada no famoso hotel de Sun City, o único seis estrelas do mundo. Como a sinopse incluía um safári, a atriz se esbaldou num de verdade. Não satisfeita, resolveu participar de uma inusitada corrida de avestruzes. Foi quando descobriu que tais bichos chegam a atingir 65 km/h. “Se não tomar cuidado, você se esborracha toda”, jura.