Tony Ramos vive Getúlio Vargas no filme “Os últimos dias de Getúlio”, dirigido por João Jardim e produzido por Carla Camuratti. Para incorporar o presidente, que se suicidou em agosto de 1954 com um tiro no coração, Tony passou por uma transformação.
O ator colocou um enchimento corporal para ter as formas de Getúlio e busca um “olhar perdido” para ficar mais parecido.
Que armadura é esta que você usa para obter a massa física do personagem?
Veio uma especialista americana que tirou as medidas do meu corpo e fez uma projeção computadorizada do corpo de Getúlio, a partir de fotos. Ela moldou essa prótese que não é só barriga, não. Conforma tudo, perna, braço. Uso até uma prótese dentária com os dentes de ouro de Getúlio.
Todas essas ferramentas são indispensáveis para criar o personagem?
Como você diz, são ferramentas, e ajudam. O roteiro é outra (ferramenta), mas tem também o trabalho de ator. Lá atrás o João (Jardim) me disse que me queria como Getúlio. Eu fazia outras coisas, mas a data chegou. Li livros, vi filmes. Fiz minhas pesquisas. Na minha casa tem umas 40 fotos do Getúlio e em todas ele tem o olhar perdido num horizonte imaginário. É como se olhasse para o abismo da humanidade. Tentei reproduzir esse olhar.
Você pisa firme em cena. Por quê?
Queria mostrar que, mesmo alquebrado, ele tinha consciência de ser o poder. Há uma cena muito delicada com a Drica (Moraes), que faz a filha, Alzira. O pai não come e ela pergunta se ele não tem fome? Ele desconversa. Diz que o bife de São Borja é melhor. Ora, imagino que a carne servida ao presidente seja a melhor. É um detalhe que revela, mais que o isolamento, a sensação de não estar ali.
Além de Tony, estão no elenco Drica Moraes, Alexandre Borges, Marcelo Médici, entre outros. As filmagens devem terminar este mês e a estreia está prevista para o final de 2013.