Duas características marcam a forma com que Antonio Fagundes gosta de fazer teatro: a formação de um grupo e a independência financeira na produção. Assim, ao renunciar a qualquer incentivo fiscal para montar suas mais recentes peças, ele garante a completa autonomia.
“Minha meta é sempre ficar em cartaz, o que não seria possível com trabalho incentivado, pois, com o fim do financiamento, a peça sai de cartaz ou muda de elenco. As leis de patrocínio criaram um ciclo perverso que não deixa qualquer espetáculo ter vida longa”, comenta ele. “Isso se tornou tão comum que já tem ator estreando com um substituto pronto para ocupar seu lugar – e não estou falando de musical.”
As novas regras da Lei Rouanet não têm data ainda definida para entrarem em vigor, mas algumas mudanças já preocupam o meio artístico, como o teto de R$ 10 milhões para a produção e de R$ 150 como valor do ingresso mais caro.
E, além da limitação de verbas por projeto, cada empresa será limitada a quatro projetos por ano, ou seja, uma renúncia máxima de R$ 40 milhões.
Fagundes acompanha atentamente as mudanças. E com tranquilidade. “Quando eu e o Bruno contamos a alguns amigos que viveríamos sem patrocínio incentivado, acharam que estávamos loucos”, afirma. “Mas foi assim que decidimos montar Tribos, uma peça que não se encaixa nos padrões mais atraentes dos diretores de marketing das empresas e que foi a 32 cidades, inclusive em Portugal.”