Os brasileiros que participaram da Feira do Livro de Frankfurt em 2013 foram chacoalhados com o discurso histórico e polêmico feito por Luiz Ruffato na abertura do evento – uns disseram que roupa suja se lavava em casa e outros fizeram coro ao mineiro. Este ano, quase não se viam brasileiros na cerimônia realizada na noite dessa terça-feira, 7, à noite, e quem fez o papel desempenhado em 2013 pelo autor de Eles Eram Muito Cavalos foi a escritora e ativista Sofi Oksanen.
Aos 37 anos, filha de pai finlandês e mãe estoniana e autora de As Vacas de Stalin e Expurgo, ambos publicados pela Record no Brasil, ela é a escritora mais conhecida da Finlândia e atualmente a mais bem-sucedida internacionalmente.
Expurgo, seu terceiro romance e livro que a projetou, foi traduzido para mais de 40 línguas e transformado em peça, ópera e filme. Nada mais justo que ela fosse a escolhida para representar seu país, o homenageado desta edição da Feira de Frankfurt.
A Finlândia trouxe para a feira uma comitiva de 50 escritores, além de mais de uma dezena de tradutores, e vai tentar mostrar um pouco de sua literatura, que é nova – Oksanen lembrou em seu discurso que o primeiro romance publicado em finlandês é de 1848. Até então, a língua oficial era o sueco.
Em seu discurso, a escritora criticou Vladimir Putin e seu esforço de centralização do poder – em entrevista ao Caderno 2 em 2012, quando Expurgo saiu no Brasil, ela chegou a dizer que na Finlândia é a Rússia quem define a política internacional -, falou sobre como a língua pode ser usada como ferramenta, comentou sobre autores como Leila Hirvisaari – ela já vendeu mais de 4 milhões de exemplares num país habitado por cinco milhões de pessoas. A cultura indígena, a história do País, as liberdades de expressão e liberdade linguística e até Papai Noel, “que vive ali no nosso pedaço”, permearam seu discurso – precedido e antecedido pela fala de políticos finlandeses e alemães. Após a cerimônia, foi inaugurado oficialmente o pavilhão de exposição da Finlândia – totalmente branco como é o país na maior parte do ano, o que talvez o ajudem a ter uma das mais elevadas taxas de leitura e um dos melhores índices educacionais do mundo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.