Credenciado pelas indicações para o Oscar, Até o Último Homem marca o retorno em glória de Mel Gibson. O filme, muito forte, vem somar-se aos demais indicados em cartaz – La La Land, Manchester à Beira-Mar etc. Num registro completamente diverso – cinema cabeça, autoral, independente e rigoroso -, também estreia A Morte de Luís XIV, que valeu uma Palma de Ouro especial ao ator Jean-Pierre Léaud no Festival de Cannes do ano passado. E, claro, quem acompanha a saga de Alice não vai perder o capítulo final de Resident Evil.
ATÉ O ÚLTIMO HOMEM
Hacksaw Ridge, EUA/2016, 139 min. Biografia. Dir. Mel Gibson. Com Teresa Palmer, Luke Bracey, Hugo Weaving.
Mel Gibson cavou importantes indicações para o Oscar – melhor filme, diretor e ator, Andrew Garfield – por esse drama fortíssimo sobre a luta de um homem para ir à guerra desarmado. As convicções de Desmond T. Doss o impedem de portar arma e para seus colegas recrutas ele é um covarde. Vai ser um herói no campo de batalha. Gibson andava por baixo em Hollywood, hostilizado pela fama de homofóbico e antissemita. O filme marca seu retorno por cima. Como em A Paixão de Cristo, o que se vê na tela é o massacre de um homem pelas instituições e a sua assunção, aqui não necessariamente num sentido religioso, embora o mantra do personagem – ‘One more, Lord’, Mais um, Senhor – possa ser visto assim. 16 anos.
A BAILARINA
Ballerina, França-Canadá/2016, 89 min. Animação. Dir. Eric Summer, Éric Warin. Com Elle Fanning, Dane Dehaan, Maddie Ziegler.
Elogiada animação sobre garota órfã que, no fim do século 19, foge para Paris disposta a se tornar uma grande bailarina. Livre
BELEZA OCULTA
Collateral Beauty, Estados Unidos/2016, 97 min. Drama. Dir. David Frankel. Com Will Smith, Kate Winslet, Edward Norton.
Mesmo não tendo recebido a esperada indicação para o Oscar, Will Smith é a alma deste filme sobre homem que perde o rumo após perder a filha. Ele escreve cartas iradas ao ‘tempo’, ao ‘amor’ e à ‘morte’. Quando os negócios ameaçam soçobrar, os sócios dão um jeito de prensá-lo contra a parede. O diretor de O Diabo Veste Prada e Marley e Eu entra na onda da auto-ajuda. Quem gostou do (desculpem!) horroroso O Vendedor de Sonhos poderá encontrar motivos para se divertir, emocionar, pensar, mas é tão ruim quanto. 10 anos.
O ÍDOLO
Ya Tayr El Tayer, Palestina/2015, 100 min. Drama. Dir. Hany Abu-Assad. Com Tawfeek Barhom, Ahmed Al Rokh, Hiba Attalah.
O palestino Abu Assad, de Paradise Now, muda o tom mas segue sendo um grande diretor. A emocionante história do garoto da Faixa de Gaza que quer participar do Arab Idol e sua luta para chegar à final, quando já virou a expressão de todo um povo. A trama tem uma reviravolta parecida com a de Dois Filhos de Francisco, de Breno Silveira, outro filme lindo. Preparem os lenços! 12 anos.
MAX STEEL
EUA/2016, 92 min. Ação. Dir. Stewart Hendler. Com Ben Winchell, Maria Bello, Andy Garcia. Max é um adolescente com os problemas e as aspirações de qualquer garoto de sua idade. Mas quando se une ao extraterrestre Steel, os dois formam uma espécie de entidade – o super-herói Max Steel. O filme adaptado do boneco não tem convencido os críticos. 10 anos.
MISTÉRIO NA COSTA CHANEL
Ma Loute, França-Alemanha/2016, 122 min. Comédia Dramática. Dir. Bruno Dumont. Com Fabrice Luchini, Juliette Binoche, Valeria Bruni Tedeschi. Havia grande expectativa pela nova comédia de Bruno Dumont, após a surpreendente O Pequeno Quinquin. Mas o que lá era novidade, aqui dá a impressão de déja vu. Dupla atrapalhada de policiais investiga misteriosos desaparecimentos de pessoas numa região do litoral da França, no começo do século passado. E uma família de grandes burgueses interage com outra de pescadores. O filme concorreu em Cannes no ano passado. O que mais chamou a atenção foi a personagem transgênero.
A MORTE DE LUÍS XIV
La Mort de Louis XIV, França-Portugal-Espanha/2016, 105 min. Drama. Dir. Com Jean-Pierre Léaud, Patrick D’assumçao, Irène Silvagni.
Também concorrente em Cannes, no ano passado, o longa do catalão Serra ganhou uma Palma de Ouro especial do júri, mas ela foi atribuída ao mítico ator de François Truffaut e Jean-Luc Godard, Jean-Pierre Léaud. É ele quem faz o Rei Sol Luis XIV, em seu leito de morte. Serra é um dos grandes autores de cinema de invenção no mundo, na atualidade. E o filme encontra nova forma de prosseguir com o experimento de A História de Minha Morte.12 anos.
QUATRO VIDAS DE UM CACHORRO
A Dogs Purpose. Estados Unidos/2016, 120 min. Drama. Dir. Lasse Hallström. Com Britt Robertson, Dennis Quaid, K.J. Apa.
As quatro vidas de um cachorro. Lasse já abordou a relação entre homem e cão em Minha Vida de Cachorro e, depois, em Hachiko – Amigo Para Sempre, que era bem bonito. Seria mais uma história edificante, se não tivesse vazado na internet o vídeo sobre maus tratos a um dos ‘atores’ cachorros. E, agora, o público vai ver? Ou boicotar? O sueco Hallstrom, de qualquer maneira, é um diretor raro que consegue tornar palatáveis temas difíceis. 10 anos.
PARAÍSO
Ray, Rússia/2016, 130 min. Drama. Dir. Andrey Konchalovsky. Com Yuliya Vysotskaya, Philippe Duquesne, Viktor Sukhorukov.
Aristocrata russa une-se à resistência francesa e abriga crianças judias em sua casa durante o nazismo, mas é descoberta e enviada para campo de concentração. O filme foi indicado pela Rússia para concorrer ao Oscar, mas não ficou entre os indicados. O diretor Konchalovsky, que já militou em Hollywood, virou um crítico duro da maneira como os norte-americanos estão se infiltrando no mercado russo. Mesmo se fosse selecionado, avisou que não iria à festa. Tudo isso é muito bacana – defesa das convicções, etc e tal- e o filme tem qualidades. Pelo menos andou sendo elogiado no Festival de Veneza, em setembro passado. Livre.
RESIDENT EVIL 6 – CAPÍTULO FINAL
Resident Evil: The Final Chapter, EUA/2016, 106 min. Ação. Dir. Paul W.S. Anderson. Com Milla Jovovich, Ruby Rose, Ali Larter.
Críticos vivem reclamando de filmes adaptados de games, e um bom exemplo é Assassin’s Creed, atualmente em cartaz nos cinemas de todo o mundo. A série Resident Evil nunca foi poupada, mas o fato de haver chegado ao sexto episódio quer dizer alguma coisa (em termos de aceitação do público). E, desta vez, é o fim da história de Alice, que vai a Raccoon City, onde fica o centro da Umbrella Corporation. Foi aí que tudo começou – a contaminação da humanidade por um virus e a guerra contra os zumbis. O combate final. Quem viu o trailer, sentiu – aos 41 anos, Milla Jovovich segue poderosa como heroína de ação. Acrobacias, pancadaria são com ela mesma. 14 anos.