Astro de Piratas no Caribe fala com exclusividade para O Estado

Fantástico para muitos e lindo para outras tantas, Johnny Depp retorna às telas na muito aguardada terceira e última parte de uma das franquias de maior sucesso do cinema de todos os tempos, Piratas do Caribe: No Fim do Mundo. Depp, 44 anos que serão completados no próximo dia 9 de junho, criou uma das figuras mais marcantes do cinema contemporâneo: o adorável trapaceiro capitão Jack Sparrow, um personagem notavelmente brilhante que, admite ele, foi baseado em parte em um de seus próprios heróis, o guitarrista dos Rolling Stones, Keith Richards, que participa deste longa.

Considerado em todo o mundo um dos mais talentosos atores em atividade nos dias de hoje, Depp construiu uma carreira tão imprevisível e surpreendente como o homem que ele é. Para citar apenas alguns de seus trabalhos é preciso ter fôlego e memória suficiente para não correr o risco de ser injusto ? sempre vai faltar citar mais um, dois, três… Afinal, Depp interpretou um agente secreto do FBI em Donnie Brasco, um cigano em Chocolate, um traficante de drogas em Profissão de Risco, o pior diretor de cinema do mundo em Ed Wood, o sonhador contador de história James Barrie em Em Busca do Terra do Nunca, o excêntrico comerciante Willy Wonka em A Fantástica Fábrica de Chocolate, a desajustada criatura lúdica em Edward Mãos de Tesoura, o irmão mais velho e protetor em Gilbert Grape ? Aprendiz de um Sonhador, o conquistador latino em Don Juan de Marco, o escrior junkie Howard Thompson em Medo e Delírio em Las Vegas, o glorioso devasso Conde Earl of Rochester em O Libertino…

Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra, estrelado por Depp, Kiera Knightley e Orlando Bloom, foi um lançamento aclamado pela crítica em 2003 e que ainda conquistou um grande público. Sua seqüência, Piratas do Caribe: O Baú da Morte, revolucionou as bilheterias em 2006 e é agora o terceiro filme mais bem-sucedido de todos os tempos.

Depp, que atualmente está filmando Sweeney Todd, em Londres, dirigido pelo amigo e freqüente companheiro de set Tim Burton, reservou um tempo em de sua ocupadíssima agenda para refletir sobre interpretar o capitão Jack e a conclusão da trilogia capitaneada pela Disney/Buena Vista. A entrevista exclusiva foi cedida para O Estado Revista.

Como você está?
Bem. Obrigado. Trabalhando como um cachorro… (risos) Mas bem.

Está fazendo Sweeney Todd, certo?
Sim. Por enquanto, está indo muito bem. Quero dizer, eu não fui demitido. Você fica sempre esperando por aquele momento em que um velho amigo seu aparece e diz: ?"A propósito, você está demitido. Desculpe!" (risos)

Como se sente agora que concluiu os três filmes da série Piratas do Caribe? Você tem alguma perspectiva sobre a experiência como um todo neste momento ou isso vem depois?
Embora tenhamos terminado o terceiro há quase seis meses, eu ainda estou meio que nadando nele, se é que você me entende. Eu não tenho aquele distanciamento e a poeira ainda não baixou. Mas, de maneira geral, é uma reflexão positiva, eu adorei a experiência e até mesmo nos momentos mais estafantes foi positivo. Foi uma adrenalina.

Foi exaustivo algumas vezes?
Ah, foi. Claro. Acima de tudo fisicamente, não só para mim como para toda a equipe que teve que carregar equipamentos muito pesados montanhas acima. Foi muito intenso. Como quando estávamos em Dominica. E, às vezes, quando se está no mar e ele está agitado você não sabe o que pode acontecer e alguns membros do elenco não passavam nada bem e acabavam ficando com vários tons de verde.

Você é um bom marinheiro, em relação a isso?
Não me incomoda muito, por mais estranho que pareça. O mar não me incomoda nada.

Todo mundo diz que filmar na água sempre leva o dobro do tempo. Você também achou isso?
Ah, sim, é um obstáculo, bem próximo do impossível. De algum modo, esses caras conseguiram.

Como foi o último dia como Jack Sparrow? Deve ter sido um grande momento da sua vida, não é?
Ah sim, foi. Foi um daqueles momentos em que você tenta de todas as maneiras adiar. Lembro de ir até Gore (Verbinski, o diretor da rilogia) e ele dizer:?"Acho que já temos tudo, cara, mas você quer fazer mais uma tomada?" E eu dizia: "Quero, quero, vamos fazer outra vez". Me deixa tentar outra coisa. E então depois de termos acabado eu ia até ele e perguntava: "Tem certeza de que não temos mais nada para filmar?". Porque você simplesmente não quer dizer adeus para o cara. Você foi aquela pessoa durante tantos meses que não quer dizer adeus. É muito estranho.

Onde você estava no último dia?
Nós estávamos em um estúdio ao norte de Los Angeles. Uma das últimas coisas que eu filmei foi a cena em que Jack fala com ele mesmo.

Então de certa forma foi uma cena de reflexão?
Foi. Era um diálogo entre o Bem e o Mal que ele tem com ele mesmo.

Houve algum tipo de comemoração na ocasião?
Houve. A equipe e Gore fizeram uma bela montagem com fotos, uma coisa enorme, emolduraram e assinaram. Tivemos um grande bolo e champanhe. Foi muito emocionante. Foi como se todos estivéssemos dando adeus ao capitão Jack naquele momento.

Ele é um personagem que mudou sua vida, certo?
Ah, sim. Ele trouxe muitas coisas boas para o meu mundo e para o mundo dos meus filhos. Então eu sempre terei muito carinho por ele, além do fato de ter sido um prazer absoluto interpretá-lo. Foi um estouro total.

Então você o interpretaria de novo?
Suponho que nunca se deve dizer nunca. Quero dizer, com algumas coisas você diz, mas com relação a isto eu acho que não. Se eu fosse convidado para interpretar o capitão Jack outra vez, sob as circunstâncias certas, com todos os elementos adequados e apropriados envolvidos e um bom roteiro, eu com certeza pensaria seriamente na possibilidade.

Eu tenho que perguntar a você sobre Keith Richards?
Ah, foi ótimo. Deus, foi ótimo. Ele foi tão legal. Primeiramente não só para mim, mas para toda a equipe foi algo muito especial. Quero dizer, ver Keith Richards chegar para trabalhar totalmente preparado, bonito, às 7h30, 8h da manhã. Foi tipo: ?Como assim? (risos) Foi inacreditável.

Você ficou preocupado com a possibilidade de ele seguir meio no ritmo rock?n?roll e chegar um pouco atrasado no set?
Bem, você não sabe (risos)… Não dá pra saber. É algo totalmente fora da praia dele. Mas, cara, que profissional! Ele chegou e nos ofuscou. Foi surpreendente. Simplesmente surpreendente. E adorável. Esta equipe está trabalhando junta desde 2002, quando fizemos o primeiro Piratas, e foi a primeira vez que eu vi a equipe inteira aparecer no set. E não eram duzentas pessoas, eram quinhentas ou mil, sabe… (risos) Nós queríamos espiar, tentar ver um pouco do mestre.

Vocês saíam depois do trabalho?
Sim, sim. Passamos muito tempo juntos. O único comentário que fiz foi que ele parecia saber bem como atrair uma multidão. Ele foi super, superamável. E não podia ter sido mais simpático com todo mundo ou mais gentil. Ele chegou como um atirador.

Ele permaneceu no set durante muitos dias?
Acho que foram quatro ou cinco dias. Eu sei que havia todo tipo de especulação e notícias esquisitas do set sobre coisas que, de fato, não aconteceram, mas ele foi incrivelmente habilidoso em termos gerais. Acho que Keith nunca tinha feito um filme antes e ficou tipo: ?"Ah, então eu fico aqui e digo isso e depois ando até aqui e faço isso". E era algo como: "?É, está ótimo". E então eram duas tomadas e Gore dizia: "?Certo! Próxima…". Eu comecei a chamá-lo de Dois Takes Richards…

Isso forneceu algum tipo de subsídio para o seu desempenho? Antes você disse que Keith foi a inspiração para Jack, então como foi ter a inspiração presente?
Foi ótimo, cara, foi ótimo. Isto pode soar estranho, mas como Jack, eu sentia como se conhecesse Keith muito melhor e há muito mais tempo do que como Johnny. Entende? Sabe, se eu estivesse caracterizado ou no "modo Jack" seria muito mais fácil interpretar e improvisar. É quase como uma jam session em certo sentido. Já para mim, para Johnny, chegava um certo momento que eu me calava.

É por que você o admira muito?
Bem, tem o lado de que não se pode fugir desse fato. Em um dado nível tem este cara, Keith, e ele é uma ótima companhia para sair junto, é realmente um cara maravilhoso. Mas sempre tem aquele tipo de coisa que reverbera dentro de mim: ele é um dos meus heróis da guitarra e eu não posso fugir disso.

Algumas pessoas devem sentir isso também em relação a você.
Não posso imaginar isso comigo… (risos)

Mas algumas pessoas o vêem do mesmo modo em seu ramo.
Sim, talvez alguém tenha visto um filme ou tenha gostado de um personagem. Só que, sabe… É Keith Richards. É Keith Richards!

Há muitos britânicos no filme. Você se dá bem com os atores britânicos?
Sim, sempre me dei muito bem com eles. No primeiro Piratas, meu maior inimigo era Jack Davenport, no papel do comodoro Norrington. E nós somos grandes amigos. Eu sempre me dei muito bem com britânicos. É o senso de humor. Eu sempre me senti em casa em Londres. Para meus filhos é como se fosse sua segunda ou terceira casa. Eles estão muito acostumados a irem para lá. Nós vamos a certos restaurantes e a certos lugares e o tratamento é pelo primeiro nome.

Quando você analisa os papéis ao longo dos anos, existe um aspecto comum entre eles?
Eu não sei. Acho que talvez sejam necessários alguns anos de distanciamento para analisar isso. Então talvez você possa dizer: "Ah, vejo a ligação aqui". Se você observá-los bem de longe, acho que a ligação seria que eles são um pouco "fora dos padrões?. Cry Baby; Edward Mãos de Tesoura; Sam, de Benny e Joon; ou Axel, de Arizona Dream ? Um Sonho Americano; ou Ed Wood… Sim, eles são meio fora dos padrões!

Sweeney Todd também?
(risos) É, não se pode ser mais fora dos padrões do que aquele pobre coitado. Fora dos padrões forçado também. Acho que, se existir uma coisa em comum, é isso que eu posso perceber.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo