Assumindo o lado das pessoas más

Foto: Arquivo

O documentário lançado em DVD, por não ser autorizado, não traz nenhuma música da banda comandada por Mike Jagger.

 Ainda que Roberto Carlos tenha suas crises de fúria, Madonna faça vodu contra seus delatores ou Michael Jackson acione levas de advogados para processar aqueles que vasculham os sacos de lixo de sua residência, o fato é que biografia ou documentário bons são biografias e documentários não autorizados. Eis mais uma prova: The Rolling Stones – Truth and Lies, lançada agora pelo selo ST2. Nele está todo o respeito que se deve ter a uma banda com 40 anos de estrada, só que com uma diferença: quem assina a produção não parece ser um fã deslumbrado louco para passar o ano-novo com a família Jagger ou ser convidado por Keith Richards para um ensaio da banda. Truth and Lies conta a história que os Stones contariam sobre si mesmos com as partes que os fariam mudar de assunto.

 Os Stones foram criados para ser uma banda de blues. Não iriam dar certo mesmo pelo fato de serem sobretudo uma banda que só tocava cover de blues, mas as coisas começaram a fugir de seus controles. Seus empresários tiveram a grande sacada ao ver o sucesso dos Beatles, que haviam chegado primeiro. Se havia o bom deveria haver o mau.

Os pais, que receberiam John Lennon ou Paul McCartney para um almoço de família, jamais deixariam suas filhas passarem perto de criaturas malignas como aquele guitarrista orelhudo ou o cantor de boca grande. Bom para os Stones: quanto mais bonzinhos e comportados os Beatles se tornavam, mais endiabrados os Stones queriam parecer.

E, assim, a banda de blues branca, amparada em Muddy Waters e John Lee Hooker, começou a perceber que algo de inesperado lhe esperava na esquina. Poderia até ter mudado o nome, mas Rolling Stones (retirado de um blues de Waters) já era grande e vinha para acabar com o marasmo que rondava os jovens londrinos no início dos anos 60.

O primeiro disco da banda não foi um estouro e eles tiveram de correr atrás das léguas que os Beatles já haviam percorrido. Mas aí veio Jumpin Jack Flash, e o pavio foi aceso.

Polêmicas

A morte de Brian Jones é abordada sem fechar nenhuma discussão. Morreu mesmo sozinho ou teria sido assassinado? Os escândalos, as prisões, as brigas entre seus integrantes. Quando se é Beatles, tudo isso deve ser escondido para o bem da imagem do grupo. Mas quando se é Stones, isso é pouco. Até uma multa por urinar em local público sai nos jornais com destaque.

Os shows, com o tempo, passaram a ter um comportamento diferente do que se via nos shows dos colegas de Liverpool. Não eram mais as meninas estridentes e choronas que tomavam as platéias, mas os ?bichos grilos? drogados que logo estariam em Woodstock.

Ser um Stone, com o tempo, passou a ser mais complicado do que ser um Beatle, mesmo porque a turma de John e Paul logo se retiraram dos palcos e se trancaram nos estúdios.

Lançamento

O documentário, por razões que se imagina óbvias, não traz nenhuma música dos Rolling Stones. São as desvantagens de qualquer produto não autorizado. Isso deve ter dado um trabalhão para o pessoal da trilha sonora, que pescou trechos instrumentais de bandas dos anos 60 que nunca se identifica quais são. Quem comprar o DVD deve saber que está levando uma boa história, com depoimentos de jornalistas e fãs da época, ótimas imagens… mas nenhuma música.

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