O ano de 1968 foi de grandes transformações no mundo, tanto políticas, quanto filosóficas e tecnológicas. No Brasil, que estava sob regime militar, foi o ano da publicação do Ato Institucional número 5 (AI-5), da realização de diversas mobilizações e manifestações, de prisões de estudantes, exílios e mudanças no cenário artístico e cultural.

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Curitiba não deixou de sofrer as influências de todos estes acontecimentos. Entretanto, existem poucos registros sobre a vida na capital paranaense naquele ano e podemos dizer que nenhum, que conte essa mesma história em quadrinhos.

Com o objetivo de suprir parte desta escassez de informações e contar às novas gerações sobre o movimento estudantil de Curitiba no final da década de sessenta de forma clara, simples e divertida, a jornalista Tereza Urban acaba de lançar, pela editora Arte e Letra, o livro 1968 Ditadura abaixo.

A publicação contém textos curtos, é repleta de imagens e utiliza histórias em quadrinhos para contar fatos marcante da nossa história. Os personagens são fictícios, mas todas as situações vividas por eles são baseadas em fatos reais.

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“1968 foi um ano muito rico e de muito aprendizado em todo mundo. No Brasil, não foi diferente. Porém, vivíamos em meio à ditadura militar e o nível de repressão era muito grande, com conseqüências posteriores bastante pesadas”, conta Tereza.

“Curitiba era uma cidade relativamente pequena, com duas universidades (a Universidade Federal e a Pontifícia Universidade Católica do Paraná) e onde os estudantes tinham muito peso na sociedade. Eles estavam sob a influência da efervescência internacional e da contestação de velhos modelos, experimentando muitas coisas novos.”

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Para lançar o livro, Tereza realizou pesquisas em arquivos de jornais e documentos mantidos pelo Arquivo Público do Paraná. Além disso, contou com o apoio de seu neto, de 16 anos, seu afilhado, de 20, e outros jovens. Eles a ajudaram a encontrar novos caminhos de linguagem, que atraíssem justamente à juventude.

Com base neste trabalho, surgiu essa obra inédita e muito bonita. “Tive uma equipe de trabalho me ajudando com as pesquisas, jovens que me auxiliaram a encontrar caminhos de linguagem e o apoio de um quadrinhista, que criou as histórias em quadrinhos”, revela.

O quadrinhista, que também é ilustrador e artista plástico, é Guilherme Caldas, de 35 anos, que passou cinco meses se dedicando às ilustrações do livro. Durante todo o trabalho, ele procurou ser o mais fiel possível à forma como as pessoas se vestiam e se comportavam em Curitiba no final da década de sessenta. A obra está à venda, por R$ 40,00, nas principais livrarias da cidade.