O termo ‘música instrumental’ pode levar a um equívoco em Flor de Sal. Arismar do Espírito Santo, um dos maiores de seu tempo, pode ser entendido assim, sob a sombra do termo, como distante, acadêmico, cerebral. Mas sua cabeça está também no espírito das canções e sua “música instrumental” tem voz.
A Big Band Não Veio já é assim, a faixa que abre o disco. Arismar coloca a voz nas flautas de Léa Freire (esses dois em um mesmo palco já é um acontecimento), deixa a bateria com Cleber Almeida, o trombone com Sérgio Coelho, e assume, na gravação, o baixo e a guitarra. Um absurdo de suingue. Vem toda uma pressão em cada tema, passando por delicadezas como São Domingos Sanfoneiro, uma memória imediata de Dominguinhos.
Arismar lançou Flor de Sal em 2017, mas faz seus shows no Sesc Pompeia neste sábado, 9, às 21h, e domingo (10), às 18h. Como acontece sempre que evoca gigs, terá uma fila de convidados esperando a chamada. Léa Freire, o filho também baixista Thiago Espírito Santo, Trio Macaíba, o sanfoneiro Bebê Kramer, o violonista cearense Cainã Cavalcante, o estupendo baixista Michael Pipoquinha e o percussionista onipresente Mestre Dalua.
Os shows terão propostas distintas. No sábado, a pegada será forrozeira. “A ideia é virar cristal juntos, no calor da tocata. O encontro de seres musicais harmônicos, mais rítmicos do planeta”, diz.
No domingo, ele deixa o baixo (que vai alternar na estreia sobretudo com a guitarra) para se dedicar ao piano e à bateria. Em tese, será uma noite mais calma, ainda que essa palavra não combine muito com o poder incendiário da presença de Arismar em um palco.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.