No Centro Cultural São Paulo (CCSP), próximo a um dos pontos de retirada de ingressos da Fifa para os jogos da Copa do Mundo no Brasil, os visitantes já são convidados a ver a exposição As Donas da Bola pelo paredão que apresenta 11 grandes imagens, em sequência. As fotografias, de 1,50 m X 1 m, representam os trabalhos de cada fotógrafa participante da mostra que coloca o tema da relação das mulheres com o futebol. Numa das obras, realizada por Marcia Zoet, uma menina equilibra uma bola com seu rosto e seu ombro. Atrás dela, o Morro do Alemão, no Rio, torna-se quase infinito – é uma perspectiva, no mínimo, impressionante.

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O esporte é colocado pela vertente da “ação social” também no ensaio de Mônica Zarattini, há 25 anos no Estado. “Um motoqueiro, o Bolacha, me levou até o time Amizade Futebol Clube, na Parada de Taipas, comunidade no pé da Serra da Cantareira”, ela conta.

Entre fevereiro de 2013 e dezembro, a fotógrafa documentou, geralmente às quintas-feiras, os treinamentos das meninas de 13 a 19 anos na periferia de São Paulo. Nos retratos em preto e branco, com filtro daguerreótipo, Mônica homenageia “o início da fotografia”, diz ela; traz “a memória do tempo à janela do amanhã”, descreve o curador Diógenes Moura.

A exposição, em sua poética, apresenta “um Brasil real, verdadeiro, não o de falcatruas, da construção de estádios”, afirma o escritor, que foi convidado pelas fotógrafas a pensar o que poderia ser uma “unidade” no projeto. “Foi um processo de enlouquecimento”, ele brinca, trabalhar com 11 mulheres.

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No espaço expositivo, as obras de cada fotógrafa são apresentadas em conjuntos (nos quais as peças são impressas no formato 75 cm X 50 cm). O preto e branco é a estética predominante das obras de Mônica Zarattini, Ana Carolina Fernandes, Eliária Andrade e Luciana Whitaker (que retrata o futebol praticado por meninas de classe média alta na praia de Ipanema); já os ensaios de Evelyn Ruman (que tem como destaque a presença de uma menina com Síndrome de Down) e de Luludi (com trabalho de imagens de torcidas) misturam o p&b com a cor. As outras participantes, Ana Araújo (que explora o contraluz no sertão), Bel Pedrosa, Marcia Zoet, Marlene Bergamo e Nair Benedicto se dedicam ao colorido.

As Donas da Bola também estará em livro (Syn Criativa Edições, 192 págs, R$ 60), a ser lançado na segunda quinzena de junho. As imagens são acompanhadas de depoimentos das fotojornalistas, assim como na mostra. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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