As crônicas da versátil Fernanda Takai

A vocalista da banda mineira Pato Fu, Fernanda Takai, é o tipo da pessoa que não pára quieta. Além de estar à frente de sua banda há 15 anos, lidar com turnês pelo País, fãs, gravações de álbuns e DVDs, Takai arrumou mais uma ocupação: a de escritora.

Seu primeiro livro, intitulado Nunca subestime uma mulherzinha, lançado em novembro de 2007, reúne seus textos publicados nos jornais Correio Braziliense e Estado de Minas e com prefácio escrito por Zélia Duncan. Com muita simplicidade, a cantora fala de passagens de sua vida e cria outras que poderiam ser de qualquer pessoa.

Na próxima quarta-feira, a cantora/escritora estará em Curitiba para lançar seu livro e seu primeiro disco solo, chamado Onde brilhem os olhos seus. O disco – totalmente dedicado à Nara Leão – ganhou elogios rapidamente e ainda levou o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte como o Melhor Álbum de Música Popular de 2007. Fernanda vai bater um bate-papo com os fãs, às 19h30, na Livrarias Curitiba Megastore do Shopping Estação.

A amapaense de nascimento e mineira por adoção, de 36 anos e um metro e meio de altura, concedeu uma entrevista por e-mail para o jornal O Estado do Paraná.

O Estado do Paraná: Como surgiu a idéia de se aventurar pelo mundo da literatura?

Fernanda Takai: Foi por acaso. Eu já tinha escrito alguns textos para publicações muito diversas como Pais & Filhos, Playboy, Revista da Jovem Pan e outros… mas era muito esporádico. Um dia o editor do jornal Estado de Minas, sabendo dessa variedade de assuntos me perguntou se eu aceitaria ter uma coluna semanal lá. A princípio fiquei receosa e aceitei com a condição de poder desistir se não desse conta da tarefa. Tive um retorno muito bom dos leitores e dos editores e estou escrevendo há quase três anos. O livro que saiu pela Panda é uma compilação desses textos que geralmente só são lidos por quem mora em Minas ou no Distrito Federal. As pessoas que acompanham minha carreira na música estavam curiosas pra ler.

O Estado: Por que você optou pela crônica?

Takai: Eu gosto do gênero. É uma maneira muito amigável de comunicar idéias ao leitor. Despretensiosamente a gente vai colocando nosso ponto de vista sobre o mundo, baseado em nossas experiências cotidianas. Eu escrevo de forma muito simples, então esse formato me deixa mais à vontade. Alguns dos textos são contos que também têm essa flexibilidade, podemos dizer assim…

O Estado: Como foi o processo de criação e seleção dos textos? Quem te ajudou nisso?

Takai: Eu selecionei os meus vinte preferidos e os editores da Panda outros vinte. Foi uma sintonia grande, ainda bem. Daí resolvemos criar as seções pela natureza de cada uma deles, dando títulos mais curiosos e envolventes.

O Estado: É complicado ser escritora em um país que não é muito adepto da leitura?

Takai: Eu me surpreendo com o alcance dos meus textos nos jornais quando estou falando dessa geografia em que atuo, mas sem dúvida todos nós deveríamos gastar mais tempo lendo. Quem lê muito, tende a organizar melhor suas idéias, falar bem, escrever de um jeito mais interessante. E isso tudo é muito importante nas relações humanas, nas possibilidades de crescimento profissional. Olha, ainda não me considero escritora… É pouco tempo pra ter essa segurança toda. Já na carreira musical tenho quinze anos de estrada e me sinto realizada na área.

O Estado: Como conciliar as ocupações de mãe, esposa, artista e, agora, escritora?

Takai: Ter boa saúde, administrar bem o tempo, não se abalar pelas dificuldades do dia-a-dia e achar que sempre dá pra ser melhor do que está. Todas essas atividades me dão muita satisfação, então encaro todas de um jeito muito sério, mas muito leve.

O Estado: Quais os planos para o Pato Fu?

Takai: Estamos em turnê até o fim de dezembro. Nosso baixista está gravando seu primeiro disco solo autoral, John (Ulhoa, o guitarrista) vai produzir alguns artistas este ano e eu sigo também com minha turnê solo que começou em março. Está em produção um DVD diferente nosso, mas não posso dar muitos detalhes, tem que esperar até o fim do ano…

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