Desde que a executiva Yara Stein foi despedida da empresa em que trabalhava e apareceu na casa de Plínio, personagem de Dado Dolabella, com o filho nos braços, Helena não consegue disfarçar uma pontinha de frustração. "Na verdade, sempre achei que ela fosse uma mulher mais forte e independente. Nunca passou pela minha cabeça que, um dia, ela se sujeitaria a morar por uns tempos na casa do Plínio", queixa-se a atriz.
Aos 38 anos de idade e 15 de tevê, Helena fala com saudades da Yara dos primeiros capítulos. Daquela executiva sensual e pragmática, que assumiu a responsabilidade de ter um filho de produção independente. "Curti muito as cenas em que ela dominava a situação. Sentia que lavava não só a minha, mas a alma de várias mulheres que torciam com os foras que a Yara dava no Plínio", lembra. Das muitas personagens que interpretou na tevê, como a veterinária Cíntia de Laços de Família e a professora Raquel de Mulheres Apaixonadas, Helena aponta Yara como a mais diferente de todas. "A figura paterna é fundamental na criação de um filho", argumenta ela, separada há quase um ano do diretor Ricardo Waddington e mãe de Pedro, de seis anos.
Teatro e cinema
Durante a entrevista, Helena só esboça o sorriso quando começa a falar de seus projetos para depois de Senhora do Destino. Ainda este ano, ela pretende voltar a fazer teatro, com a peça As Preciosas Ridículas, de Molière, e estrear no cinema, com o longa Bodas de Papel, de André Sturm. Vontade de fazer cinema, aliás, ela sempre teve. Só não fez Mil e Uma, de Suzana Moraes, e O Homem Nu, de Hugo Carvana, porque sempre rolava algum imprevisto. "Fazer cinema é um sonho antigo. Todo mundo que conheço já fez e diz que é uma delícia", admite.
Começou como brincadeira de criança
A paixão de Helena Ranaldi Nogueira pela arte de representar é antiga. Aos dez aninhos, ela já gostava de se trancar no quarto da mãe e brincar de atriz na frente do espelho. Por horas a fio, experimentava roupas, perucas, maquiagem… Às vezes, fazia caras e bocas tentando reproduzir alguma cena de novela. "Meu palco era o closet da minha mãe. Era um lugar sagrado para mim", lembra. Anos depois, quando teve de optar por uma carreira no vestibular, ficou na dúvida entre Marketing e Educação Física. Na última hora, escolheu a segunda opção. "Representar não chegava a ser uma profissão. Era mais uma brincadeira de criança", ri.
Mas Helena não chegou a concluir a faculdade. Lá pelas tantas, começou a trabalhar como modelo e a fazer os primeiros comerciais. "Com a grana que ganhei, paguei o curso de teatro do Antunes Filho", recorda. Quando completou 23 anos, deixou a casa dos pais em São Paulo para arriscar a carreira de atriz no Rio. Na nova cidade, mandou logo um currículo para a extinta Manchete. Três dias depois, já embarcava para Santa Catarina, onde interpretaria a simpática Stefânia em A História de Ana Raio e Zé Trovão. "No começo, era muito crítica e perfeccionista. Hoje, tento lidar com o sucesso e o fracasso da mesma forma", filosofa.
Globo
Na Globo, Helena estreou em 92, quando fez a mecânica Nina em Despedida de Solteiro. No ano seguinte, conheceu o diretor Ricardo Waddington durante as gravações de Olho no Olho. No meio da novela, começaram a namorar e, seis meses depois, se casaram. Desde então, repetiram a parceria em Quatro por Quatro, Anjo de Mim, Laços de Família, Presença de Anita, Mulheres Apaixonadas e Coração de Estudante. No currículo da atriz, uma curiosidade: em 96, ela dividiu a bancada do Fantástico com Pedro Bial. "Desde que me entendo por gente, sempre vi o Fantástico. Nunca imaginei que, um dia, estaria lá", brinca.