De A Dama e o Vagabundo a Pets, há uma longa tradição sobre animações com personagens caninos. Corgi: Top Dog destaca-se na série por se embasar na realidade. Desde que ganhou do pai seu primeiro cão corgi ainda garota, nos anos 1930, a hoje octogenária Rainha Elizabeth II tem se mantido fiel à raça. Uma dupla de diretores – Vincent Kesteloot e Ben Stassen – resolveu ficcionalizar esse gosto particular da rainha da Inglaterra. E fez o filme que estreou na quinta, 5. Não falta certo charme à história.
Vítima de uma trama, o corgi preferido da rainha, acostumado às mordomias do Palácio de Buckingham, vai parar no olho da rua. No início, aproveita a sensação de liberdade, mas ela dura pouco e nosso corgi de estimação faz de tudo para voltar ao palácio, mas não é fácil. Para complicar, no abrigo para cães abandonados, ele descobre a sua dama, que é ninguém menos que a namorada do cãozarrão que domina o pedaço. Só o fato de ser pitbull já o torna assustador, mas o ‘cara’ ainda organiza lutas clandestinas – das quais é invariavelmente vencedor. Qual é a chance de o corgi da rainha derrotá-lo? Nenhuma, ou bem poucas, mas isso é duvidar das artimanhas da ficção.
Distante da tradição da Disney ou, mesmo, da Illumination – produtora de A Dama e o Vagabundo e Pets, Top Dog talvez se destine mais ao público adulto, apesar da censura livre. A incorreção dá o tom das relações. A rainha oferece uma recepção ao presidente Donald Trump. Na cara dura, Trump assedia a vizinha de mesa no banquete, e sua cadelinha – porque ele tem uma – se acha no direito de escolher o cachorro que quiser para namorar. E por aí vai.
A rainha é um amor com seus cães e polida com as pessoas, o que é bem mais que se pode dizer de seu marido, o príncipe Philip. Talvez por se sentir pouco amado, ele detesta os cães reais. Dá para rir, mas o filme não vai marcar a animação e ainda é prejudicado pela dublagem que homogeneíza as vozes, acabando com a distinção entre os sotaques inglês e norte-americano.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.