ArtRio registra volume de negócios acima do esperado

Em apenas um dia, o mostruário de Max Perlingeiro, cujas estrelas eram vasos de Picasso, caiu à metade. Em dois, a galeria Mul.ti.plo Espaço Arte vendeu 30 obras; a H.A.P, 20. A Gentil Carioca teve de rapidamente repor as suas, tamanha a voracidade dos compradores. Na abertura, uma colecionadora chegou cedinho ao estande de Silvia Cintra e se atracou com uma escultura de Marcius Galan, como se gritasse: “É minha!” Nos corredores, Waltercio Caldas, Tunga, José Bechara e Carlos Vergara, entre outros artistas, puderam constatar: a primeira edição da ArtRio, realizada até domingo em dois galpões do Pier Mauá, mostrou que havia uma demanda reprimida muito maior do que se supunha por uma feira de arte contemporânea na cidade.

Os negócios fechados ficaram em R$ 120 milhões, quando a expectativa inicial era de modestos R$ 50 milhões. Nas primeiras 24 horas, foram R$ 60 milhões. A frequência (46 mil visitantes) também fora subestimada, assim como a média de permanência. “No primeiro dia, um colecionador ficou de 11h às 18h30 só no primeiro galpão”, contou Elisangela Valadares, organizadora, com Brenda Osorio. “A gente já começou com um resultado que só esperava para 2013.”

Aparentemente, o apetite dos compradores era muito mais pelas obras dos artistas brasileiros – em alta no mundo todo – do que pelas novidades trazidas pelas 40 galerias estrangeiras (das Américas, Europa e Austrália, praticamente metade do total). Os estandes das nacionais estavam mais cheios, e recebiam cheques mais vultosos, ressentiam-se os que vieram de longe.

“Os colecionadores brasileiros me parecem muito cautelosos, preferem os artistas daqui, já conhecidos. Mas é uma primeira edição, acontece”, disse, cabisbaixa, Jenny Nachtigall, gerente da Crone, galeria de Berlim, rodeada por trabalhos de artistas alemães. “Ainda assim, pretendo voltar no ano que vem, sinto que há muito potencial.”

Já a carioca Juliana Cintra, que colaborou para a preparação da feira, estava bem satisfeita: “Estou de alma lavada, foi muito melhor do que esperávamos. Vendi Débora Bolsoni, Daniel Senise, Carlito Carvalhosa… “, contabilizava sexta, sem dar cifras. Naquele dia, o maior chamariz era um Amilcar de Castro a R$ 190 mil.

Paul Jenkins, representante da maior rede de galerias do mundo (são onze, de Nova York a Hong Kong), a Gagosian, estava empolgado. Ele vê o futuro da feira como “promissor”. “Ficou lindo e elegante”, elogiava. A organização informou que 90% dos 83 expositores reservaram espaço para 2012 – alguns, estandes mais amplos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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