Estão na praça os CDs Olha pra Mim, de Luciana Mello, e Sambaland Club, de Simoninha. Ela pela gravadora Universal, uma multinacional. Ele, pela Trama, selo dos Artistas Reunidos, que além deles é integrado por Max de Castro, Jair Oliveira e João Marcelo Bôscoli. Todos eles têm em comum a herança musical herdada de um pai como Jair Rodrigues e Wilson Simonal e de uma mãe como Elis Regina. E, assim, o repertório pop vem sedimentado com um gosto de música brasileira.
Luciana Mello – filha de Jair Rodrigues – já avisa de cara: “Não gosto de rótulo. Sou musicista, faço música. Minha preocupação é musical”. E Simoninha – filho de Wilson Simonal, imortalizado pelo suingue natural de sua voz – exemplifica que músico não pode ter preconceito musical, faz um giro ao passado ao fazer um disco de samba-jazz com sonoridade acústica.
Samba-canção e funk convivem harmonicamente nas dezesseis faixas de Olha pra Mim. Neste DC, Luciana Mello trabalha intimamente com o irmão Jair Oliveira, culminando na faixa Amor e Silêncio, assinada pelos dois. Produtor do álbum, Jairzinho, quando lançou seu disco há pouco tempo, destacou o interesse de uma grande gravadora pelo trabalho de sua irmã, lembrando que a Universal era quase uma exceção no mercado fonográfico. A multinacional tem olho clínico: Luciana compõe, canta e é bonita de se ver.
Wilson Simoninha foi mais econômico que Luciana: gravou treze músicas, entre elas uma homenagem ao pai – Tributo a Martin Luther King. Este é seu primeiro disco após a morte de Simonal. Mas o filho de peixe revela-se um tubarão: Simoninha canta, compõe (assina nove faixas), toca piano e violão, entre outras cordas e teclados.
Sambaland Club abre já com todo balanço, com direito a Seu Jorge (o Zé Galinha do filme Cidade de Deus) fazendo uma ponta na vinheta Seja Bem-Vindo. É um abre-alas para um universo de referências musicais, da bossa nova ao rock. Mas predominam samba e soul, com o gostinho de uma irreverente gafieira.
O segundo CD de Simoninha e o primeiro de Luciana para grande gravadora demonstram que Artistas Reunidos não é só um projeto: os alicerces já estavam firmes para altas edificações.