Artistas, parentes e amigos dão adeus a Nydia Licia

O corpo da atriz Nydia Licia foi velado na manhã de domingo, 12, no Teatro Sérgio Cardoso. O enterro ocorreu à tarde, no Cemitério Israelita do Butantã, com a presença de representantes da cultura, artistas e amigos. A atriz de 89 anos lutava contra um câncer no pâncreas diagnosticado em agosto deste ano. Morreu na manhã de sábado, 12, em São Paulo.

Nascida em 30 de abril de 1926 em Trieste, na Itália, Nydia Licia Quincas Pincherle Cardoso era filha de um médico e de uma crítica musical, ambos de origem judaica.

Em 1939, com o avanço do fascismo na Europa mudou-se com a família para a cidade de São Paulo. “Temos que agradecer a vinda dela para o Brasil.”, conta a atriz e diretora do Célia Helena Centro de Artes e Educação, Ligia Cortez.

Mais tarde, Nydia frequentou o curso de história da arte ministrado por Pietro Maria Bardi e foi selecionada como sua assistente para trabalhar no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MASP). “Ela era uma mulher discreta e de recato, uma pessoa de fazer, não de aparecer”, diz Ligia.

A partir de 1948, Nydia passou a integrar o Teatro Brasileiro de Comedia (TBC) e foi nessa época que conheceu o futuro marido Sérgio Cardoso enquanto montavam o espetáculo Entre Quatro Paredes. “Ela esteve entre os remanescentes desse momento legendário no teatro brasileiro”, conta Ligia.

Antes de se separar de Cardoso, Nydia passou pela TV Record e abriu a própria companhia com a reforma do antigo Cine-Teatro Espéria, no Bixiga. “Ela foi uma grande empreendedora em um tempo que não havia espaço algum para as mulheres”, completa Ligia.

Na TV Cultura e no programa Teleteatro 2, Nydia abriu espaço para programas educativos e acolheu o trabalho de diversos artistas durante os anos de repressão, conta o diretor e ator Oswaldo Mendes. “Enquanto a censura silenciava o teatro, ela reuniu diretores, atores e autores para que exercitassem o seu ofício com a maior liberdade que era possível nos anos 1970.”

Em 1992, começou atuar como professora na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), e na Escola Célia Helena, onde deu aulas de interpretação. “Ela trazia uma vasta bagagem cultural e fez um grande trabalho de base. Posso dizer que muita gente aprendeu com ela”, lembra Ligia.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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