Mano Brown foi a única atração nacional da sétima edição do Lollapalooza Brasil que se apresentou, digamos, em um horário nobre. Ele subiu no Palco Axe, no sábado, às 18h20. A banda paulistana O Terno, talvez a melhor do rock brazuca na atualidade, chegou perto disso. Eles fizeram show também no sábado, às 16h20, no Palco Axe. Exceções feitas a essas duas atrações (não se deve levar em conta as baladas “topzeiras” de Alok, no Palco Perry, na sexta-feira, 23, a partir das 22h), todo o line-up brasileiro ficou com os piores horários do festival.

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Dessa forma, bandas de destaque do cenário musical foram responsáveis apenas por abrir os trabalhos dos respectivos palcos em que se apresentariam. Artistas como Francisco, el Hombre, Selvagens À Procura de Lei, Tagore e Mahmundi se apresentaram para um público pequeno e pouco expressivo. Talento ali, entretanto, havia de sobra para que eles abocanhassem um horário melhor.

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Até mesmo artistas mais consagrados e com uma boa rodagem no mundo da música sofreram com isso. As cantoras Mallu Magalhães e Tiê e a banda Vanguart, por exemplo, já não são iniciantes. As três possuem uma legião de fãs espalhadas pelo Brasil e, mesmo assim, foram premiadas com o calor e o sol do meio-dia.

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Reclamações à parte, muito desse questionamento se deve ao fato de alguns artistas pouco conhecidos do grande público terem se beneficiado de melhores condições para tocar. A banda californiana The Neighbourhood, por exemplo, se apresentou no Palco Budweiser enquanto o duo britânico sem sal Oh Wonder ficou com um bom horário no Palco Axe na última sexta-feira, 23.

Sem som

Além dos horários ruins, um fato inusitado marcou a apresentação de Liniker e os Caramelows no sábado, 24. Durante a execução da música “Zero”, maior hit da banda, o som parou de funcionar. Um problema com um dos PAs do palco, quando faltavam três músicas para o fim do show, impediu o grupo de continuar sua performance. O PA é o responsável por emitir o som que a plateia escutará. O problema foi rapidamente corrigido para as apresentações posteriores do Palco Onix, mas chama a atenção o fato de isso ter acontecido apenas com um artista brasileiro.

Em 2001, na terceira edição do Rock in Rio no Brasil, vários artistas brasileiros boicotaram o festival. Eles exigiam melhores horários para se apresentar. Um novo boicote, dessa vez no Lollapalooza, não traria nenhum resultado significativo. Muito pelo contrário, a escalação dos artistas nacionais foi muito bem feita.

Cabe, no entanto, à produção e organização do festival pensar em um jeito justo e igualitário de dar mais visibilidade e relevância aos artistas brasileiros. Um palco só com música brasileira, quem sabe. A decisão de colocar artistas nacionais apenas no início desvaloriza trabalhos maravilhosos que estão sendo feitos no underground, a muitos quilômetros do mainstream radiofônico. Procurada pela reportagem, a Time For Fun, produtora do festival, disse que todos os artistas são avisados previamente sobre os horários dos respectivos shows no Lollapalooza. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.