Foto: Divulgação |
Mulher loira, 1985, de Lucian Freud, neto do psicanalista Sigmund Freud. continua após a publicidade |
O Museu Oscar Niemeyer (MON) abre hoje a exposição Bacon, Freud, Moore, Figuras e Estampas, que exibe, até 10 de agosto, 47 obras gráficas, criadas entre 1970 e 1990, de Francis Bacon (1909-1992), Lucian Freud (1922) e Henry Moore (1898-1986). As obras fazem parte de uma coleção de mais de mil gravuras do Museu de Arte Contemporânea de Caracas, na Venezuela, e a mostra foi concebida especialmente para ser exposta no MON.
Curador da exposição, o venezuelano Felix Suazo explica que o título resume o espírito da exposição. ?São figuras por um lado e estampas gravadas por outro. Dando unidade geral ao projeto, o fato dos três artistas serem ingleses e das obras mostrarem diferentes visões dos artistas sobre o corpo?, diz, completando: ?São artistas muito conhecidos como pintores ou escultores, que fazem esse traslado a outras técnicas com muita maestria, mas conservando o elemento de sua obra?. Em cada artista, Suazo destaca ?o rigor escultural de Moore, o manejo cromático e dinamismo de Bacon e o detalhismo e psicologia profunda de Freud?.
Outro detalhe interessante é que cada um dos artistas está representado na exposição com auto-retratos. Porém, no caso de Moore, há uma diferença: ele representa apenas sua própria mão. As obras, de acordo com Suazo, correspondem a um momento de auge da reprodução gráfica de obras de arte, quando os três artistas já eram famosos.
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Quadro Édipo e a Esfinge, de Francis Bacon, 1983. |
Suazo detalha um pouco mais as obras de cada artista: ?Moore mostra grande predileção pela linha e estrutura. Ele dá à obra a mesma energia e vigor da sua escultura. Cada mão, corpo ou torso que ele representa são uma celebração da sensualidade do corpo, da estrutura corpórea?.
Já Freud, segundo Suazo, tem uma preocupação maior com detalhes. ?No seu trabalho prevalece a subjetividade, os sentimentos dos personagens.? O artista único ainda vivo dos três reproduz pessoas relacionadas ao seu cotidiano: sua mãe, sua filha e amigos. ?Há uma melancolia profunda, um distanciamento da cena que está sendo tratada?. A obra de Freud, neto do psicanalista Sigmund Freud, também não poderia deixar de mostrar vínculos com a psique dos personagens.
Bacon traz outras singularidades, como no manejo da cor e na forma de reproduzir o corpo, de acordo com o curador: ?O corpo (que ele reproduz) está fragmentado, em movimento e contraído. Há uma distorção expressiva e uma separação alienadora entre o individuo e o entorno?. No caso de Bacon, as obras expostas são todas feitas em litografia, diferentemente das obras de Freud (em ponta-seca e água-forte) e Moore (algumas litografias e água-forte).
A parceria do MON com o Museu de Arte Contemporânea de Caracas, que começou em 2006 e está gerando sua primeira exposição pode, segundo Suazo, render mais frutos: ?Este é um primeiro degrau. A partir do momento que se abre esse intercâmbio, podemos trazer mais exposições para cá e levarmos a arte brasileira e regional do Paraná a museus da Venezuela?.
Serviço:
Bacon, Freud, Moore, Figuras e Estampas, Museu Oscar Niemeyer (Rua Marechal Hermes, 999, Curitiba). Horário: de terça a domingo, das 10h às 18h. Preços: R$ 4,00 e R$ 2,00 (estudantes). Mais informações: (41) 3350-4400 ou www.museuoscarniemeyer.org.br.