A 30.ª Bienal de São Paulo, sob o título “A Iminência das Poéticas”, que ocorrerá entre 7 de setembro e 9 de dezembro, não será recheada de artistas que fazem parte do mainstream das artes, mas repleta de criadores emergentes, muitos deles desconhecidos do público brasileiro. Dos 110 nomes anunciados nesta quinta como participantes desta edição do evento, podem-se destacar, por exemplo, consagrados como o norte-americano Robert Smithson (expoente da land art), o brasileiro Arthur Bispo do Rosário ou o alemão Hans-Peter Feldmann, mas a proposta curatorial é apresentar uma Bienal que não seja “de personalidades individuais, mas de vínculos” entre os trabalhos dos artistas, afirmou o curador venezuelano Luis Pérez-Oramas. Mais ainda, exibir cerca de 60% de obras inéditas ou criadas especialmente para a mostra.
Toda incerteza que cercou a realização da 30.ª Bienal em 2012, enquanto a instituição teve, judicialmente, suas contas bloqueadas, gerou “angústia”, como disse Oramas na coletiva de imprensa promovida para apresentação da lista de artistas, do projeto educativo (coordenado por Stela Barbieri) e da identidade visual da mostra, que terá 30 cartazes (processo chefiado por André Stolarski). “A diretoria (da Fundação Bienal de São Paulo) falou muito precisamente sobre os problemas e disseram (para nós) ‘continuem trabalhando’. As equipes foram pagas, tivemos prudência e todos os artistas tiveram confiança”, continuou o curador-geral desta edição. O episódio está “superado”, disse o diretor presidente da instituição, Heitor Martins. Segundo ele, o orçamento da mostra, aprovado pelas Leis de Incentivo, é de R$ 21 milhões.
Dos 110 criadores participantes, selecionados por Oramas (curador licenciado do Museum of Modern Art de Nova York) e pelos cocuradores André Severo, Tobi Maier e Isabela Villanueva (assistente), 23 são brasileiros – entre eles, Alair Gomes, Sofia Borges, Rodrigo Braga, Nino Cais, Thiago Rocha Pitta e o concretista Waldemar Cordeiro. “Os artistas não estão representando temas, grupos de nações: estão por suas obras, conteúdos, investigações”, disse Oramas. É de se destacar, também, a presença de latino-americanos. “Um dos critérios da seleção dos participantes foi tentar não repetir artistas que estiveram, pelo menos, nas últimas duas ou três Bienais”, afirmou o curador-geral.
Apesar da crise institucional ocorrida este ano, Pérez-Oramas, que foi anunciado em fevereiro de 2011 como organizador da 30.ª edição, conservou o número de artistas que previa, desde o ano passado, para a mostra “A Iminência das Poéticas”. Será uma Bienal que apostará em “experiências de diálogos, de percepções” entre obras e com o espectador – formada por “constelações”, define o curador. “Uma Bienal contra a ideologia da imagem”, afirmou Oramas, em que uma das questões será a da memória e não a da nostalgia. A exposição, com expografia do arquiteto brasileiro Martin Corullon, terá cinco “zonas curatoriais”: Sobrevivências, Alterformas, Derivas, Vozes e Reverso – esta última, com obras apresentadas em outros espaços da cidade que não apenas o Pavilhão da Bienal no Ibirapuera, como a Casa Modernista, a Capela do Morumbi e o Masp. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.