Curitiba é a única cidade brasileira a exibir a exposição inédita no Brasil do consagrado artista mexicano Rodolfo Morales (1925-2001). Fixado em uma arte com profundas raízes na mitologia e na alma do México, Morales é o ?pintor que nos mostra todo o drama que denigre o mexicano? e que ?leva consigo todo o bom humor que o ilumina?, como definiu o companheiro e muralista Rufino Tamayo. A exposição é composta de 35 trabalhos, divididos entre 20 obras gráficas, 14 óleos e 01 peça têxtil. O Museu Oscar Niemeyer abre a exposição ?Rodolfo Morales ? A magia dos sonhos? no próximo sábado (15), às 11h. O público poderá participar da abertura.
A produção de Morales é ?um muro de olhares? a nos confrontar com uma realidade, são vozes que ?buscam nos abrir a visão?, afirma o curador Alejandro Flores Venegas. Ele diz ainda que são ?fragmentos de sonhos onde se plasma esse sentir de paixões pelo irreal, entre o céu e o inferno, esse muro de olhares que deixam suas incansáveis musas de olhares tristes e vozes caladas?.
Especializado em crítica, o jornalista argentino Andrés Oppenheimer acredita que Morales será o artista de finais do século 20 e início do século 21 que passará à história como o pintor por excelência da alma do México. ?Nenhum artista vivo conseguiu transmitir em suas telas a essência do México como este oaxaquenho tímido, introvertido, de olhar esquivo e fala monossilábica.? Para Oppenheimer, o que fascina na obra do pintor não é a paisagem de costumes de sua cidade natal de Ocultán, nem suas igrejas ou as bandeirinhas mexicanas que ornam as cúpulas de seus edifícios, nem as noivas voadoras que costumam atravessar suas telas como pipas cruzando o universo.
?Isso são apenas artefatos de cores para atrair nossa atenção, retê-la na tela, e nos envolver no mágico mundo de sua pintura. O que mais atrai na obra de Morales é o que há detrás dessa paisagem aparentemente fácil de cidadezinha pequena: esse mundo espiritual, cheio de solidão, tristeza e esperança, de olhares vazios ou cravados em algum lugar do horizonte que figuram em seus quadros (…).?
Oppenheimer observa que muitos quadros do artista estão divididos em três faixas horizontais ?o céu, a terra, e o subsolo ? e ?quase sempre o mais importante acontece acima e abaixo, no céu e no inferno?. ?Os protagonistas das obras de Morales são anjos, fantasmas, mortos que vêm do passado ou que nos visitam no futuro, que saem das paredes e das portas das casas oaxaquenhas, e que nos olham do céu ou de debaixo da terra.? Para o jornalista, é o contrário do que acontece na faixa intermediária ?o mundo em que vivemos ? ?é circunstancial e passageiro?.
Ele lembra o crítico nova-iorquino Eward Sullivan, outro admirador do pintor, que analisa o fato de Morales pintar com muita recorrência a bandeira mexicana ?tecendo sutilmente as cores verde, branco e vermelho em numerosas telas?, mas com essencial diferença de outros artistas que também utilizaram o símbolo nacional em suas obras. Sullivan conclui que a mexicanidade na pintura de Morales ?difere por completo da de artistas como
Diego Rivera (marido de Frida Kalo) e outros de sua época, que ofereciam ao espectador vastos panoramas da história e sua interpretação essencialmente nacionalista das tradições mexicanas?. Para ele, Morales expressa sua mexicanidade ?na luz e na cor oaxaquenhas?, e ?na lenda e na realidade? de seu país.
Serviço Exposição:
Rodolfo Morales ? A magia dos sonhos
Período Exibição Público? 15 de dezembro até 24 de fevereiro de 2008
Parceria: Secretaria de Estado da Cultura
Apoio: Governo do Paraná, Caixa, Secretaria de Relações Exteriores e Consulado Geral do México de São Paulo
Onde: Museu Oscar Niemeyer
Endereço: Rua Marechal Hermes, 999
Centro Cívico ? CEP: 80530-230
Telefone: (41) 3350-4400
Horário: de terça a domingo, das 10h às 18h
Preços: R$ 4,00 adultos e R$ 2,00 estudantes
(Não pagam crianças de até 12 anos, maiores de 60 anos e grupos agendados de estudantes de escolas públicas, do ensino médio e fundamental)
