Ao lado da paranaense de Irati, Lídia Saczkovski, três expoentes artistas brasileiros da pintura primitiva – batizada pelos franceses de art naïf (arte ingênua) – estão em Curitiba, expondo suas obras no Centro de Criatividade do Parque São Lourenço. A exposição vai até o fim de outubro. O adjetivo naïf é o mais empregado para o gênero de pintura chamado também de ingênuo e às vezes primitivo (no Brasil). Na época em que foi lançado, o termo era um apelido e, como em outras épocas, os pintores foram chamados de impressionistas, cubistas, futuristas, etc. Os naïfs, em geral, são autodidatas e sua pintura não é ligada a nenhuma escola ou tendência. Essa é a força desses artistas que podem pintar sem regras, nem constrangimentos. Podem ousar tudo. São considerados pelos críticos como ?poetas anarquistas do pincel?? . A pintura naïf difere dos demais estilos por não possuir perspectiva, não usa a luz nem a sombra. ?Para muitos é um desenho de criança?, diz Clóvis Junior que está expondo em Curitiba toda a riqueza das festas populares da Paraíba.
?Ser naïf é um estado de espírito que leva a uma maneira toda pessoal de pintar. Podemos encontrar pintores naïfs entre sapateiros, carteiros, donas de casa, médicos, jornalistas e diplomatas. A arte naïf transcende o que se convencionou chamar de arte popular??, comenta Waldomiro de Deus, que pinta o cotidiano brasileiro, desde as festas populares do nordeste, o caos urbano de São Paulo até os escândalos da corrupção em Brasília.
O Brasil junto com a França, a ex-Iugoslávia, o Haiti e a Itália, é um dos cinco mais importantes da arte naïf no mundo. Um grande número de obras de pintores naïfs brasileiros faz parte do acervo dos principais museus de arte naïf existentes no mundo. Os quadros de naïfs brasileiros são reproduzidos nos mais importantes livros estrangeiros sobre arte.