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Ariane Mnouchkine estreia nova montagem no Festival de Curitiba

Em tempos instáveis para a produção cultural brasileira, entender que seu ritmo também compõe a própria obra é o que guia a 28ª edição do Festival de Curitiba, que vai de 26 de março a 7 de abril.

Na programação oficial, divulgada nesta quinta-feira, 7, compõem a programação 17 produções, entre nacionais e internacionais e que continuam expandindo fronteiras, nas artes cênicas, com a curadoria de Guilherme Weber, ao lado de Márcio Abreu. “Antes de decidirmos um tema, buscamos olhar para os caminhos trilhados pelas próprias produções”, explica Weber. “Não queríamos enquadrar uma programação sem que entendêssemos para onde iam os artistas, em suas criações.”

Essa intuição de quem conhece o fazer artístico de perto está expressa em A Insurreição que Vem, que inspira a mostra. O título emprestado do livro de ensaios do Comitê Invisível reúne textos de pseudônimos sobre temas ligados às relações sociais, economia, urbanidade até o fim da civilização. “De alguma forma, a programação reúne debates em espetáculos que não se resumem apenas a teatro ou dança, por exemplo”, explica Weber.

Entre os destaques está a estreia da diretora francesa Ariane Mnouchkine com o espetáculo As Comadres, sua primeira direção fora do Théatre du Soleil. “É um espetáculo com 20 atrizes e que homenageia o feminino”, conta o curador. No elenco está Juliana Carneiro da Cunha, atriz brasileira que entrou na companhia de Ariane em 1990.

Estreia também no festival o novo espetáculo de Sergio Blanco, dramaturgo franco-uruguaio que já fez diversas passagens pelo Brasil, com peças como Tebas Land, Kiev, A Ira de Narciso e O Bramido de Düsseldorf.

Conhecido por desenvolver a chamada autoficção, Blanco conjuga episódios de sua vida com mera criação e inspirações nos mitos gregos, uma de suas paixões. No monólogo Tráfico, ele dá continuidade ao trabalho dessa vez com a história de um garoto de programa que se envolve em uma situação de assassinato, interpretado pelo ator colombiano Wilderman Garcia Buitrago. “É uma peça que investiga os aspectos do desejo, do erotismo e da violência, pautado por mitos gregos”, pontua Weber.

Na estreia de artistas brasileiros com atuação internacional, a coreógrafa Lia Rodrigues retorna ao festival, dessa vez com o novo Fúria, que teve estreia mundial em Paris. “Lia é uma das artistas brasileiras mais interessantes, embora o Brasil ainda não conseguido apreciá-la como deveria”, conta o curador.

Em Fúria, Lia prossegue a parceria com o Centro de Artes Maré, um espaço focado em dança contemporânea, no Rio. O espetáculo com nove jovens bailarinos lança questões sobre o corpo e suas energias primitivas.

Outra brasileira com destaque na programação é Gabriela Laccio, soprano radicada em Londres e que foi nomeada uma das 100 mulheres mais influentes e inspiradoras do mundo pela rede britânica BBC.

No festival, ela vai apresentar Do Convento a Sala de Concerto, um projeto que recupera a composição de mulheres ao longo de cinco séculos da música erudita. “Estamos falando de nomes quase inéditos, levando em conta o ambiente masculino que privilegia a criação dos homens”, conta Weber.

Destaques

As Comadres: A diretora francesa Ariane Mnouchkine estreia seu primeiro espetáculo fora do Théâtre du Soleil com 20 atrizes brasileiras.

O Recital da Onça: Regina Casé volta aos palcos após 25 anos. A peça marca o reencontro da atriz com o diretor Hamilton Vaz Pereira, com quem criou o grupo Asdrúbal Trouxe o Trombone.

O Quadro de Todos Juntos: O grupo mineiro Pigmalião Escultura que Mexe retrata uma estranha família de porcos em um espetáculo denso na linguagem de teatro de animação e bonecos.

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