Aramis Millarch em 30 anos de entrevistas

Setecentos e vinte horas de entrevistas com os principais artistas e personalidades do País. Tudo em um arquivo imenso de fitas cassete ou de rolo. Preciosidades que foram recuperadas e digitalizadas em um projeto que resgatou a memória de um dos maiores jornalistas e críticos do País.

Os 30 anos de carreira de Aramis Millarch (1943-1992), que se dedicou à área cultural, podem ser acompanhados nestas conversas, nas quais os entrevistados ficaram muito à vontade para falar de trabalho e também de vida pessoal.

Hoje, às 20h, será lançado um box composto por oito DVDs-ROM com as entrevistas feitas por Millarch. O evento acontece na Sala de Eventos do prédio da Pós-Graduação da Universidade Positivo, em Curitiba.

Millarch foi um dos mais importantes profissionais no jornalismo cultural brasileiro. Em toda a carreira, conseguiu realizar 570 entrevistas. Muitas delas foram feitas em táxis, saguão de aeroporto, praças.

O jornalista alcançou 50 mil artigos publicados em diversos veículos de comunicação, entre eles em O Estado do Paraná. No acervo compilado por ele também estão 5 mil livros de cinema e 30 mil LPs.

Samuel Ferreira Lago, um dos produtores do projeto de recuperação sonora do acervo de Aramis Millarch, conta que soube da existência do extenso material ao trabalhar com o filho de Millarch, Francisco.

“Era um tesouro que estava se perdendo. Algumas fitas estavam ali há quinze, vinte anos. Procuramos recursos pela Lei Rouanet para preservar esta memória e conseguimos o patrocínio da Petrobras”, relata.

Entre a obtenção dos recursos e o término dos trabalhos, se passaram três anos. Também participaram da produção Rodrigo Barros Homem d’El Rei e Luiz Antonio Ferreira.

O acervo foi digitalizado e as entrevistas permaneceram na íntegra. No entanto, a equipe de produção encontrou diversas dificuldades. Entre elas, a condição de algumas fitas que sofreram com a ação do tempo; encontrar equipamentos próprios para fazer a leitura das fitas e organizar as gravações.

“Como era caro, Aramis aproveitava cada minuto da fita de rolo. Algumas entrevistas estavam divididas. A mesma entrevista estava em rolos diferentes. Organizamos e deixamos todos os depoimentos na íntegra. Só trabalhamos na melhora da qualidade do som”, explica Lago. Entre as entrevistas recuperadas estão as de Elis Regina, Chico Anysio, Angela Maria e a que pode ser o último depoimento de Maísa.

Todo o material digitalizado está disponível no site www.millarch.org. O projeto também deu origem ao box com 8 DVDs-ROM. Junto vem um pequeno livro que conta a história do jornalista e fotos.

“As caixas foram feitas exclusivamente para doação para bibliotecas públicas. Isto vai acontecer na sequência do lançamento e vai beneficiar 450 bibliotecas em todo o País”, afirma Lago. No site ainda é possível encontrar parte dos artigos escritos por Millarch. Este trabalho de digitalização está sendo produzido pela própria família do jornalista.

Hoje, além do lançamento dos boxes, haverá uma mesa redonda com a presença de Constantino Viaro, advogado e presidente do Museu Guido Viaro; do publicitário Elói Zanetti; Mai Guimarães; e Hermínio Bello de Carvalho, poeta e produtor cultural.

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