Aquém da expectativa

Divulgação
Foto de Renata Dominguez e André Bankoff: química e sensualidade entre os mocinhos.

Bicho do Mato ainda não tem um mês no ar, mas revela números interessantes. Nessas quatro primeiras semanas, a novela das sete da Record obteve média no ibope de 14 pontos, com 19% de participação. Ou seja, mostrou força para segurar o segundo lugar na audiência do horário. Os números são até animadores se comparados aos 11 pontos com 18% de participação conquistados no mesmo período pela antecessora Prova de Amor. Podem ser mais positivos ainda se confrontados com os 8 pontos de média conquistados por Essas Mulheres,  folhetim que antecedeu a trama de Tiago Santiago. O resultado, no entanto, é mais amargo que doce. Isso porque o que a emissora pretendia não era apenas ver crescer o índice de estréia da trama anterior, mas sim consolidar ou até superar a audiência dos últimos capítulos de Prova de Amor, que bateu picos de 22 pontos e é a produção mais bem-sucedida da Record até o momento.

Nem tudo, porém, promete arrancar os cabelos da direção da Record. Muito pelo contrário. Até agora, Bicho do Mato mostrou boa consistência na história, produção e elenco. Além disso, a novela, adaptada por Cristianne Fridman e Bosco Brasil da trama original escrita por Chico de Assis e exibida na Globo em 1972, teve alguns bons acertos. O ?casting? dos núcleos urbanos é um deles. Foi na cidade que a emissora concentrou boa parte das contratações de peso do elenco como Beatriz Segall, Jonas Bloch e a sempre hilariante Marilu Bueno. Isso sem falar na explícita química entre os protagonistas André Bankoff e Renata Dominguez, que encarnam os mocinhos Juba e Cecília.

Apostando na nudez

Reunindo-se os ?prós?, Bicho do Mato conta também com outros elementos que podem ajudar a novela a superar no decorrer dos próximos meses, a audiência de Prova de Amor. Com a nova política adotada pela Record, as portas de sua dramaturgia abriram-se para abordagens antes evitadas, como a nudez e a profusão de corpos sarados. Prova disso foram as cenas em que o protagonista do folhetim, André Bankoff, aparece como veio ao mundo nadando pelas águas pantaneiras. O ator até conseguiu transmitir certa ingenuidade ao deslizar pelado nos rios e numa praia do Rio de Janeiro, principal cenário urbano da novela. Tal performance de seu traseiro, inclusive, rendeu-lhe o posto de novo campeão de cartas da emissora, além de contribuir para o crescimento da novela no ibope.

De negativo, fica apenas a impressão de que a Record em sua busca pela audiência resolveu investir numa dramaturgia de resultados. A emissora vem há alguns anos buscando equiparar sua grade de programação com a da principal concorrente, a Globo. Não apenas com as novelas, mas também com produções de outros segmentos. Mas, apesar de pouco criativo, seguir a mesma linha de produção da rival do ?mercado? televisivo denota, ao menos, certa lucidez na direção da Record. Isso porque, seja qual for o ramo dos negócios, uma das maneiras de se aproximar das concorrentes mais fortes é exatamente oferecer os produtos que elas vendem.

 Além disso, está mais do que comprovado que, na tevê, a identidade entre uma emissora e seu público é medida pela audiência. Por isso mesmo, o que a emissora necessita buscar em Bicho do Mato é uma audiência capaz de criar um vínculo maior entre a trama e seu público. Nesse aspecto, o autor Tiago Santiago talvez tenha sido mais efetivo com Prova de Amor. Ainda que apoiado no realismo bruto da violência urbana, presente no dia-a-dia dos grandes centros urbanos do país, na época o autor conseguiu ?duelar? pontos no ibope com a antecessora Bang Bang e até com a atual trama das sete da Globo, Cobras e Lagartos.

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