Depois de estudar durante quatro anos o mercado cinematográfico, o SBT cria a marca SBT Filmes. E para entrar bem na disputa pelos espectadores do cinema, a emissora de Sílvio Santos lança seu primeiro longa Coisa de Mulher com grandes parceiros: Warner Bros e Diler&Associados. Sócios, inclusive, da Globo Filmes em sucessos como Maria, a Mãe do Filho de Deus, com o padre Marcelo Rossi. Além disso, a entrada do SBT nessa área acontece no mesmo instante em que o cinema nacional passa por uma boa fase: há variedade de temas, investimentos por meio de incentivos fiscais e desejo de tornar o setor numa indústria.

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?A tevê tem de contribuir para o crescimento desse mercado. Concretizamos esse nosso projeto a partir da lei de incentivo ao cinema do governo federal?, explica Eduardo Barrieu, diretor de Marketing da SBT Filmes. O ministério da Cultura considera importante o aumento da disputa nesse mercado. A expectativa é que a Globo deixe de ser a única emissora do País a apostar no setor audiovisual. ?A concorrência é uma iniciativa bem-vinda. Até porque todo filme tem direito a fomento do governo federal. Estamos abertos a acordos para aumentar cada vez mais a produção?, garante Márcio Diamante, assessor especial da Secretaria do Audiovisual do MinC.

Já para Diler Trindade, produtor responsável, nunca existiu monopólio no mercado. Isto porque assegura que a Globo Filmes foi quem apoiou o cinema no momento em que o governo pensava em tutelar a participação da tevê. ?Depois que isso foi superado, que venham novos investidores?, torce.

Bons olhos    

De maneira geral, cineastas e produtores vêem com bons olhos a incursão de emissoras de tevê no mercado cinematográfico. Até porque acham que a única maneira de desenvolver o cinema nacional é fazendo. Na opinião de José Carlos Oliveira, diretor-geral da Warner, a entrada do SBT significa muito mais do que ampliação da cinematografia nacional. O que também é importante é o fato de que o espectador vai ter mais de uma opção. ?Espero que o SBT goste desta experiência. É sempre bom abrir mais uma janela. Mas não deixaremos de fazer projetos com a Globo?, avisa.

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Embora não tenha contrato exclusivo com a Warner e com a Diler, o SBT está otimista com a participação efetiva neste setor. Uma das apostas da emissora, no longa Coisa de Mulher, foi a escalação das apresentadoras Adriane Galisteu e Hebe Camargo. Adriane, inclusive, teve de filmar durante a madrugada por falta de tempo. Intérprete de Mayara, que passa o filme inteiro tentando engravidar, garante que o esforço valeu a pena. ?Nunca tinha pisado num set de filmagem. Adorei como o teatro. Já fiz novela e não gostei. Mas atuar faz parte da minha história, é só me desdobrar para fazer direito, porque fazer de qualquer jeito não é a minha cara?, assegura a atriz. Segundo Barrieu, essa foi uma das estratégias para chamar atenção do público. Mas ao mesmo tempo adverte que nem sempre os filmes vão contar com elenco da casa. ?Existe muito artista bom, mas que não tem espaço. É uma oportunidade de formar atores de cinema?, afirma Barrieu.

Histórias de mulher

Eliana Fonseca, diretora do longa, compartilha da mesma opinião. Para ela, nem sempre é o rostinho conhecido que leva o público ao cinema.

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Eliana, aliás, parece ser especialista na adaptação de produtos televisivos para o cinema. Em 2003, ela dirigiu Martelo de Vulcano, a versão em película do Ilha do Rá-tim-bum, da Cultura. E no ano passado, foi diretora de Eliana em o Segredo dos Golfinhos – que teve a marca da Record Filmes em parceria. Nessa nova empreitada, acredita que o espectador vai se identificar com a história de Coisa de Mulher. Principalmente se for mulher. O longa mostra os conflitos de cinco mulheres que ?choram? suas lamúrias para Murilo, interpretado por Evandro Mesquita. Só que elas não sabem que ele é editor de uma revista feminina, na qual publica todos seus problemas emocionais. ?O filme exibe o universo feminino com muito bom humor. Toda mulher vai se enquadrar em alguma das histórias?, afirma.