Após temporada no Rio, mostra ‘Índia!’ chega a SP

A cultura indiana pela visão de um holandês radicado no Brasil. É uma grande miscelânea – necessária – a mostra “Índia!”, que o curador Pieter Tjabbes preparou para o público brasileiro. A exposição, com inauguração hoje para convidados e amanhã para visitantes em geral no Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo, já foi vista, no ano passado, por cerca de 600 mil pessoas quando apresentada no Rio. “A Índia é um caldeirão de tudo, tive de fazer escolhas”, diz Tjabbes. Foi um trabalho intenso reunir 350 peças que perpassam a cultura e a arte indiana desde o período de 200 anos a.C.

A obra mais antiga da exposição é a escultura de uma Deusa Mãe representando a fertilidade. Originalmente, a peça tem uma dimensão bem reduzida (está abrigada no 3.º andar do CCBB) e pertence ao Museu de Arte Asiática de Berlim, das principais instituições do segmento na Europa. A mostra também conta com raridades vindas de museus como o Rietberg de Zurique, na Suíça, o Volkenkunde de Leiden, na Holanda, e o Histórico Nacional do Rio, e empréstimos de instituições e colecionadores indianos.

Religiões – Quando se fala em Índia, logo se pensa no peso da tradição cultural de um país em que religiões diversas têm a máxima importância para seus habitantes. Os conceitos básicos do hinduísmo, como Dharma (ação correta), Artha (o propósito), Kama (o prazer) e Moksha (liberação) não só dão a tônica da vivência de seguidores hinduístas, mas também chegaram ao Ocidente nas mais diferentes variações.

Tjabbes conta que o budismo é, na verdade, a religião de cerca de 1% da população indiana – que segundo último censo, realizado em 2011, atingiu a marca geral de 1,2 bilhão de habitantes no país. “Hoje é uma religião forte fora da Índia”, diz. Ainda dentro de seu processo de “fazer escolhas”, o curador optou por apresentar na mostra expressões e temas relacionados a apenas quatro religiões: além do hinduísmo e do budismo, o cristianismo e o islamismo – e o sikhismo, tão presente no país, ficou de fora. O líder espiritual Mahatma Gandhi é uma menção e Ganesh, o deus da sorte hinduísta, com seu rosto de elefante, recebe o público na entrada da mostra.

Toda a exposição nasceu de um projeto que tinha, anteriormente, o ensejo de apresentar um panorama da arte contemporânea da Índia, já que é um dos países emergentes que vêm se tornando “dos grandes jogadores do mundo”. “Pensei que o público não entenderia as raízes da produção artística atual”, afirma. Assim, a exposição se dividiu em dois ramos – “Índia!”, de caráter histórico-antropológico-cultural, e “Índia! – Lado a Lado”, que será inaugurada no dia 25 no Sesc Belenzinho e se dedica à arte contemporânea indiana.

O público do CCBB tem a oportunidade de ver que a Índia é “colorida, cheia de deuses”, diz o curador, e que a decoração, para os indianos, é expressão de preciosismo. “Quanto mais se pode incrementar uma peça, melhor ela fica; há um carinho pelo detalhe”. Na mostra, vestuário (entre eles, até figurinos utilizados na novela “Caminho das Índias”, da TV Globo) e tecidos; utensílios e objetos do cotidiano; fotografias; instrumentos musicais; arte popular; pinturas; e trechos de filmes e cartazes de Bollywood. Mais ainda, as mais variadas peças escultóricas, antigas e feitas hoje por artesãos – algumas delas, encomendadas para a exposição. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Índia! – CCBB (Rua Álvares Penteado, 112). Tel.: (11) 3113-3651. 9 h/21 h (fecha 2.ª). Grátis. Até 29/4.

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